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"The End of the F***ing World" vai além da hype que alimenta

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Para além de todo hype e verniz cool, o que torna The End of the F***ing World uma série além da média é que ela fala realmente de personagens.
Série britânica feita pela BBC e exibida para o resto do mundo pela Netflix, a comédia de humor negro conta a história de um casal (os bonitinhos e bons atores Jessica Barden e Alex Lawther) de desajustados outsiders que inusitadamente se apaixona – ele, a priori, quer assassina-la (!) – e dada uma série de  consequências de suas próprias personalidades, acabam saindo em busca de algum sentido para suas vidas (aparentemente) ordinárias.

É notável o quanto o roteiro consegue, com seus episódios de pouco mais de 20 minutos, se desenvolver melhor que muita série de uma hora. Muito pela esperteza com que constrói seus indivíduos. Especialmente suas motivações emocionais que dizem bastante sobre suas personas tão marcadas. A grande prova desse êxito está justamente na personagem de Jessica, insuportável até a metade da série, mas que vai se justificando ao longo dos episódios.
O arco dramático deles é bem feitinho, regado a muita ironia e densidade psicológica (o final é bem isso). E a série é também um deleite para os olhos, pela fotografia trabalhada no contexto do universo criado (os enquadramentos são ótimos, e lembram por vezes, a lógica métrica de Wes Anderson), pela trilha sonora irresistível (a trama começa ao som de Bernadette Carroll) e por saber que dentro de seus exageros e leves toques nonsenses, existe uma história a ser contada, com personagens que se aprofundam em diálogos inteligentes e sacanas, e fazem da série o primeiro achado televisivo de 2018.

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