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“The Walking Dead” e o limite de sua ambição

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Quando o criador disse, em entrevista, que The Walking Dead não tem planos para acabar e que “poderia sim, durar ainda muitas temporadas”, logo pude perceber o quanto o sinal vermelho pode ser acendido na série, especialmente após essa sua sexta temporada.

A primeira parte se apresentou quase messiânica, com episódios temáticos e um experimentalismo que indicava um caminho mais lúdico dos extremos que vinhamos acompanhando até ali. Esses episódios soavam como uma solução ao fardo de suas inúmeras temporadas. Afinal, a sanha dramatúrgica da série se resume a – em linhas gerais – acompanhar o grupo fugir de uma célula, encontrar outra e lidar com a crueldade e lapsos psíquicos de seus vilões, isso tudo com algumas mortes banalizadas ou chocantes e alguma lição de sobrevivência.

Tirando os bons arroubos filosóficos e sociológicos da trama, é basicamente isso. Na segunda metade, a série foi diluindo ainda mais sua linearidade, aparentando certo desgaste. O roteiro ainda é muito bom, e isso é inegável, entretanto, sua eficácia tem esbarrado nas limitações de sua premissa. A chegada do personagem Paul Monroe, ou simplesmente, Jesus, foi um dos poucos impulsos do período, mesmo sua “função” sendo esvaziada ao longo dos episódios. E Carol ganhou uma relevância bem interessante, a ponto de sua própria existência na história ser sinônimo de suspense (num trabalho muito bom da atriz Melissa McBride).

O desgaste é tamanho que no último episódio (que bater recorde de audiência nos EUA), os roteiristas abusaram de uma ação dramática repetitiva de bloqueio na estrada, que em nada acrescentava no andamento em si.

A entrada de Negan (que os fãs da HQ não viam a hora de acontecer) foi interessante e com um gancho final de temporada violentamente persuasivo. Isso os roteiristas sabem bem fazer. Mas The Walking Dead sempre foi muito mais do que simplesmente uma série de extremos para satisfazer a avidez de fãs eventuais.

Essa sexta temporada e a afirmação de Robert Kirkman, que abriu esse texto, nos deixa a impressão que o criador da série pode está virando o mesmo zumbi que criou. Só que pelos dólares…

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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