Num funeral, um antigo grupo de amigos faz um pacto em meio a embriaguez. Em vez de deixarem um ao outro morrer lenta e dolorosamente, eles arquitetariam uma morte digna. Mas o que começa como fantasia logo se transforma em realidade.
Truelove aborda a temática delicada da morte e explora o desejo de, diante do diagnóstico de uma doença terminal, poder escolher o momento em que se libertar do invólucro mortal. A decisão, defende-se, deve ser pessoal e autônoma, proporcionando ao indivíduo o controle sobre o seu destino final.
Estimulados pela recente morte de seu amigo Dennis, a quem o vigário sempre se referia no elogio como “Den”, a ex-policial Phil (Lindsay Duncan) ao reencontrar uma antiga paixão, o veterano do Serviço Áereo Especial, Ken (Clarke Peters) depois de 15-20 anos, saiem para tomar uma bebida e relembrar, junto com outros amigos de seu grupo, David (Peter Egan), Marion (Sue Johnston) e Tom (Karl Johnson), discutindo as indignidades da vida, com Phil declarando sobre a triste morte de Dennis, que poderiam atirar nela se ficasse daquele jeito.
O título vem do sentimento combinado do tipo “Um por todos e todos por um”, então se alguém receber a pior notícia possível, os outros ajudarão de qualquer forma mesmo que fossem presos. Para todos os envolvidos, a vida atingiu mais um obstáculo, pois todos chegaram aos 70 anos, com Phil em um casamento obsoleto com Nigel (Phil Davis), enquanto Ken é solteiro e bastante afastado do filho e da família, a ponto de se sentir claramente condenado ao ostracismo, pois só está ele e o seu cão.
Com seis episódios, a minissérie tem um sólido elenco, com interpretações fortes ao longo da temporada, além de ser raro fazer um drama moderno centrado em um elenco na faixa dos 70 anos, com suas reviravoltas emocionantes, relacionamentos complexos, humor afiado e uma história de crime inesperada.
É uma delícia ver os talentos de Duncan, Peters, Johnston, Egan e Johnson desenvolvidos de forma tão brilhante no novo drama de Iain Weatherby (Humans) e Charlie Covell (The End of the F***ing World). A minissérie explora os grandes temas do amor, da morte, lealdade, amizade, empatia, solidão e frustração – numa abordagem que não sei via nessa idade. Numa linha narrativa que há ainda tanto para explorar – promessas cumpridas e quebradas, através das lentes de uma experiência de vida.
Com um ótimo texto, hábil, denso e, à medida que avançamos nos episódios, profundamente comovente. Elegíaco sem nunca se tornar sombrio, uma espécie de mistério de assassinato/ rocedimento policial que nunca desce ao clichê ou ao suspense, e se situa firme e assumidamente no mundo dos setenta e poucos anos, em vez de gesticular ou zombar dele.
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