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"Uma Sombra Ardente e Brilhante" traz boa fantasia apesar dos clichês do gênero

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SINOPSE: Obrigada a revelar seus poderes para salvar a pele do melhor amigo, Henrietta tem certeza de que será executada por conseguir controlar o fogo. Apenas os feiticeiros podem usar magia, e nenhum deles é mulher. Na Londres vitoriana, ela é poupada da guilhotina, mas também nomeada a primeira feiticeira em séculos. Henrietta é declarada a eleita, a garota profetizada, aquela que derrotará os Sete Ancestrais, seres sanguinários que aterrorizam a humanidade. Porém, ela descobre que NÃO é a eleita e deve manter em segredo o engano para sobreviver.
Os feiticeiros não são os únicos com habilidades especiais. O interessante é que neste universo proposto por Jessica Cluess, também existem os magos e as bruxas, grupos sociais marginalizados e denigridos da sociedade. Os magos são expert em magia baseada em truques, ilusões e transformações, enquanto que as bruxas são em invocações e poções.
Para quem acompanhas minhas resenhas sabe que poucas narrativas fantásticas escapam de minha gana, independentemente de que me anime a lê-las ou não. E Uma sombra ardente e brilhante (A Shadows Bright and Burning) chamou minha atenção pois poderia estar ante a ruptura de um dos maiores clichês do gênero: a figura do eleito. Como não é a primeira vez que me decepciono por uma sinopse que promete coisas que não se cumprem no relato, com precaução comecei a ler. Enquanto a história tem seus pontos fracos, a satisfação foi o resultado pelo conjunto e já digo que aguardo o segundo livro da saga. Começo a analisar pela interessantíssima ambientação da narrativa.

 
Arte de fã com capa original (EUA).

O cenário de uma Inglaterra vitoriana invadida por demônios poderosos, conhecidos como os Sete Ancestrais, que estão causando o caos e conquistando cada vez mais territórios com a ajuda dos Familiares, humanos transformados em seus servos. Do lado oposto, ocupando a resistência das cidades, estão os feiticeiros, aristocratas, capazes de controlar os elementos com a ajuda de suas varinhas, venerado por todos, pelo prestígio e por serem os únicos aptos para confrontar as criaturas maléficas.
A narrativa explica em suas primeiras páginas que foi uma bruxa, com a ajuda de um mago, que trouxe ao mundo os Sete Ancestrais através de um portal. Desde então, a bruxaria foi proibida e as praticantes são caçadas, enquanto os magos receberam o perdão real com a condição de manter-se afastados e respeitar as leis.

“Sete são os Ancestrais, sete também são os dias,

Segunda é de R’hlem, o Homem Esfolado,

On-Tez é na terça, a velha Lady Abutre,

Callax é na quarta, o Devorador de Crianças.

Zem, a Grande Serpente, destrói a quinta com seu sopro,

Na sexta tenha medo de Korozoth, a Sombra e Neblina,

Jamais navegue nos sábados, diz Nemneris, a Aranha-da-Água,

E Molochoron, o Destruidor Descorado, é o que chuva no domingo traz”.

Como podemos ver, Uma sombra ardente e brilhante transcorre dentro de uma sociedade fundamentalmente machista, onde a mulher é mantida reclusa e aquelas que demonstram poder são aniquiladas. Nossa protagonista, Henrietta, é o contrário que esse sistema espera de uma mulher. Sempre se interessou pela fantasia, e é uma jovem que tem o extraordinário poder de explodir em chamas. Mas, no mundo onde ela vive, usar magia não é para qualquer um. Apenas os feiticeiros podem demonstrar seus poderes. E não existem feiticeiras mulheres. Mas, quando ela é obrigada a expor suas habilidades para salvar um amigo, o que vem não é uma punição. Henrietta é nomeada a primeira feiticeira em séculos: aparentemente ela é a garota profetizada, aquela que derrotará os temidos Ancestrais.
O universo planejado pela autora é o que mais gostei. A ideia dos Ancestrais e tudo que eles trazem consigo parece ser bastante original. dentro das histórias habituais que encontramos neste gênero. A autora soube construir bem seus personagens, suas implicações e tudo que forma o mundo mágico. O que gera curiosidade no leitor por todo este entorno. Enquanto destaco neste sentido peca de seu carácter introdutório a saga.
No entanto, é certo que o livro rompe com a figura do eleito, daquele destinado a salvar o mundo do vilão, mas há alguns pontos que matizam esse perfil. Não vou revelar nada da narrativa – pois a sinopse já é suficiente para chamar a atenção dos leitores – mas sim que atende a essa incerteza sobre o que acontecerá com a protagonista, quem ela não é quem todos acreditam e cuja história tem muito mais background do que ela (e nós) poderíamos imaginar.
Um dos pontos fracos que podemos encontrar é, sem dúvida, a trama amorosa que resulta forçada,  pouco eficaz e desnecessário. Trato disso pois não entendo essa tendência na literatura juvenil de meter um romance em toda história, acho muito artificial. Tirando isso, a narrativa num estilo bem ágil descreve a ambientação e o cenário com maestria, podemos imaginar com detalhes sua pluma.
Uma leitura que merece a atenção e que venham os próximos volumes. Uma ótima aposta da editora e que merecia uma capa que chamasse mais a atenção, deixo a imagem da capa original para comparação. Boa leitura.

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Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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