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A importância de Gary Kurtz para o sucesso de Star Wars

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Foi anunciada a morte do produtor de cinema Gary Kurtz, aos 78 anos. Ele lutava há um ano contra um câncer e veio a falecer no último domingo (23/09).
Nascido em Los Angeles, Califórnia, em 27 de julho de 1940, Gary Douglas Kurtz iniciou sua carreira em 1965 como assistente de diretor no western A Vingança de um Pistoleiro. Dirigido por Monte Hellman, o filme tinha Jack Nicholson no papel principal. Depois de atuar na parte de segunda unidade como câmera e diretor, ganhou seu primeiro posto como produtor em Corrida Sem Fim, de 1971, em que assinou como produtor associado.

Gary Kurtz e George Lucas durante a filmagem da cena da cerimônia de entrega das medalhas em Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança

Com Mark Hamill e Harrison Ford durante as filmagens de Star Wars

A parceria com George Lucas nasceu em Loucuras de Verão, de 1973. O filme foi um grande sucesso, e ajudou bastante na viabilização do ambicioso projeto de Lucas de contar uma space opera. Em 1976 foram realizadas as turbulentas filmagens de Star Wars, que seria mais tarde rebatizado como Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança. Kurtz foi figura chave para contornar os problemas como a tempestade de areia que arrasou com o cenário na Tunísia, que servia de locação para Tatooine, desentendimentos entre membros da equipe técnica (sobretudo a inglesa) e o diretor, descontentamento dos atores, estouro do prazo. Além disso, Kurtz foi uma espécie de “Grilo Falante” de Lucas na parte criativa, dando uma certa polida no argumento e no roteiro. Algumas ideias não tão felizes do diretor e criador da saga para o curso da trama eram vetadas pelo produtor, que logo apresentava uma alternativa mais adequada. Também foi ele que esteve diretamente envolvido com a escolha do casting, convenceu a Fox de subir o orçamento de US$ 9 milhões para US$ 11 milhões, e filmou várias tomadas. A maioria dos closes nos cockpits da batalha de Yavin IV foram feitas por ele. Também cuidou de vários takes da sequência inicial, quando stormtroopers invadem a nave da Princesa Leia.
Em O Império Contra-Ataca, Kurtz assumiu a segunda unidade após a perda de John Barry, responsável pela função, que morreu de meningite durante as filmagens. A cena em que Luke Skywalker escapa da caverna do Ice Wampa em Hoth foi dirigida pelo produtor. Apesar de uma atuação fundamental para o filme, Kurtz foi substituído quatro semanas antes da finalização das filmagens por Howard Kazanijan, que veio a assumir o posto de produtor em O Retorno de Jedi. Mesmo assim, continuou constantemente envolvido durante a pós-produção e a distribuição do filme para os cinemas.
Durante as filmagens de O Império Contra-Ataca

A separação da Lucasfilm, na verdade, se deu por divergências criativas com George Lucas. É sabido que, ao ler o argumento do ato final da trilogia clássica, o produtor sugeriu inúmeras alterações. No entanto, a essa altura, Lucas já não dava muito ouvido a conselhos. E decidiu que seria melhor que outro produtor comandasse o filme. Em uma entrevista de 2010 para o LA Times, Kurtz revelou que ele tinha ficado desiludido com o que ele via como a direção excessivamente comercial que a franquia estava tomando, bem como as mudanças relacionadas que Lucas fez para o enredo do terceiro filme, que foi originalmente muito mais sombrio, e supostamente incluía a morte de Han Solo.
Com Carrie Fisher, nas filmagens de O Império Contra-Ataca

Perguntado sobre sua ausência em “Jedi” em entrevista ao Film Editing Pro em 2017, Gary Kurtz respondeu: “Por um lado, George (Lucas) estava infeliz por termos ultrapassado o cronograma, mas o principal motivo foi que George e Steven (Spielberg) tinham acabado de filmar Caçadores da Arca Perdida e George havia mudado o final amargo de Retorno de Jedi. Eu não gostei disso. Nessa mesma época, Jim Henson estava desenvolvendo Dark Crystal, o que eu achei desafiador de muitas maneiras novas. Então foi toda uma combinação de circunstâncias.”
Na mesma entrevista ele falou o que pensa da Special Edition – “Mos Eisley foi arruinado pela adição de muitos efeitos digitais. Quando você tem mais tempo e dinheiro, isso não significa necessariamente que melhora” – e sobre os novos filmes produzidos pela Lucasfilm depois de ser comprada pela Disney. Ele contou que é amigo de J.J. Abrams, diretor de O Despertar da Força, e de Gareth Edwards, que dirigiu Rogue One. E esteve no set de ambos os filmes. “Eu senti que o VII era muito reverente aos originais. (…) Acredito que eles tinham um esboço melhor, mas tinham medo de usá-lo por ser muito diferente.”, disse sobre o sétimo episódio da saga que ajudou a criar. Já sobre o spin off, Kurtz declarou: “Eu gostei de Rogue One até certo ponto, mas a batalha era longa demais para mim e as duas grandes cenas de batalha eram muito parecidas. Eu também queria ver mais de Jyn, por exemplo, quando ela foi levada pelos rebeldes e saber mais sobre seu passado criminoso.”

Depois da saga Star Wars, Kurtz produziu o clássico Cristal Encantado (1982), de Jim Henson e Frank Oz, que fazia a voz e controlava os movimentos de Yoda. EM 1985 produziu O Maravilhoso Mundo de Oz, continuação de O Mágico de Oz que acabou sendo um grande fracasso. Gary Kurtz se mudou para Londres durante as filmagens de Star Wars, que utilizava o Elstree Studio. E por lá ele permaneceu até seu falecimento. Seu último trabalho foi o drama inglês Gangster Kittens.

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