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“Legalidade” exalta a importância de um político como Leonel Brizola

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“Legalidade” é ambientado em 1961, quando o então Presidente da República Jânio Quadros renunciara, acreditando que seria reconduzindo ao cargo pelos braços do povo e acabou sendo ignorado. O filme mostra o período da Campanha da Legalidade, em que o governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola (Leonardo Machado) assume a liderança desse movimento para trazer Jânio em segurança e garantir que assuma o cargo que lhe é de direito constitucional o vice-presidente João Goulart, que estava em uma viagem pela Ásia na época (mais precisamente visitando a China comunista).

Nesse contexto, temos uma história em paralelo de uma jornalista brasileira radicada nos EUA Cecília (Cléo Pires), que estava em Porto Alegre para uma série de entrevistas e se envolve com dois irmãos, o sociólogo e militante Luis Carlos (Fernando Alves Pinto) e o jornalista Tonho (José Henrique Ligabue). A parte do romance é ponto mais fraco no filme, com uma história cheia de clichês e uma virada de roteiro previsível, mas que parece apenas uma desculpa para a câmera explorar as curvas de Cecília. A maneira como Tonho se submete aos caprichos da personagem, causa um certo constrangimento e por vezes irrita. Já a construção do personagem de Fernando é bem feita e surte uma boa química com Cléo.

A parte factual do filme é que mais chama a atenção do espectador. O diretor Zeca Brito fala
de um período pouco abordado, e isso torna a trama ainda mais interessante, pois explora bastante a personalidade de Brizola, que, embora tivesse segundas intenções com a volta de Jango (a esposa do governador era irmã do vice-presidente), mostra um político combativo, de convicções fortes e que fazem falta na atual conjuntura política do país, que não deixaria certos grupos assumirem sem que algo mais forte acontecesse. O filme ganha uma força quando acompanha o ator falecido Leonardo Machado pelo Palácio Piratini e o poder do discurso de Brizola que o acompanhou a vida inteira.

A ambientação de época é muito bem realizada, com os belos figurinos se destacando na tela.
O esmero na produção toda só peca em um momento, em uma cena passada nos dias de hoje,
quando a filha de Cecília (Leticia Sabatella) procura nos arquivos de uma biblioteca informações sobre a mãe e surge um jornal dos anos 60 que parece ter sido recém-impresso. E para piorar, ela pega esse mesmo jornal, e o rabisca com uma caneta esferográfica, o que causa dó em qualquer pessoa que já teve acesso a qualquer documento público de uma biblioteca.

Cotação: Bom

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