A parceria artística do diretor norueguês Joachim Trier e o roteirista Eskil Vogt chega ao seu paroxismo no excepcional A Pior Pessoa do Mundo, facilmente um dos melhores filmes do ano em cartaz. Julie (a ótima Renate Reinsve) é uma jovem prestes a entrar nos 30 anos, em meio a indefinições constantes sobre si. Seja na carreira ou na própria narrativa sentimental. Após se envolver num relacionamento mais maduro com o cartunista Aksel, ela se embrenha na aventura de viver a paixão avassaladora com o barista Eiwind.
A trama é dividida em 12 capítulos, mais prólogo e epílogo, que vão dimensionando a complexa relação entre as expectativas emocionais da protagonista. O que Trier propõe aqui é acompanhar o quanto, dentro de seus extremos, Julie parece em busca de um sentido, mas sem qualquer juízo de valor moral, como que investindo numa perspectiva mais universal desse dilema em si. Para todas as armadilhas de previsibilidade que o roteiro entra, a história sempre se sai muito mais inteligente ao propor reflexões sobre inadequação, culpa e amor romântico.
Renate brilha no papel e fez falta na lista de indicados ao Oscar de melhor atriz. E A Pior Pessoa do Mundo absorve esse talento cênico com habilidade, por isso, o resultado se expresse na simplicidade da assimilação do processo de amadurecimento emocional da qual todos passamos.
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