À Prova de Morte é lançado nos cinemas brasileiros

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A Europa Filmes finalmente decidiu lançar À Prova de Morte nos cinemas brasileiros, depois de três anos da sua estreia internacional. O filme foi originalmente concebido como metade do projeto Grindhouse, dividido com Planeta Terror, de Robert Rodriguez (esse sim, lançado por aqui ainda em 2007), que acabou por se tornar um fracasso de bilheteria nos Estados Unidos. Mas de 2007 para cá, Quentin Tarantino já teve seu excelente Bastardos Inglórios lançado e aclamado no mundo inteiro, inclusive aqui, e qualquer dúvida sobre a qualidade de suas obras futuras foi por água abaixo.

Tarantino é conhecido por usar e abusar de referências cinematográficas dos anos 70, mas esse é seu primeiro filme que realmente parece uma autêntica homenagem a um gênero, ao invés da habitual colcha de retalhos de cultura pop que ele sempre constrói. À Prova de Morte também mergulha fundo nas referências e citações, mas por ter história mais simples desde Cães de Aluguel, se favorece disso para construir uma unidade cinematográfica mais coerente. E nos filmes pipoca, a coerência pode ser uma armadilha, mas Tarantino é um mestre em desarmá-las.

A homenagem citada acima é aos filmes B de horror americano que passavam em cinemas especializados nos anos 70 e 80, o chamado cinema grindhouse. Até por isso, a textura do filme é envelhecida, com alguns erros propositais de continudade e até de cor. A história gira em torno de Stuntman Mike, um ex-dublê de cenas de corrida e perseguições em antigos filmes e séries de TV. Em dois momentos distintos, vemos a “interação” de Mike com dois grupos de mulheres bem diferentes. Ele é um psicopata e seu fetiche é tirar a vida de garotas em acidentes de carro. Fetiche, aliás, é a palavra chave do filme – e, por que não, da carreira de Tarantino.

A primeira metade do filme se concentra em um grupo de garotas do sul dos Estados Unidos que está comemorando o aniversário de uma delas em um barzinho de beira de estrada de uma pequena cidade. Sorrateiramente, Mike se faz perceber, fazendo de tudo para ganhar um lap dance prometido por uma delas. Ele fala pouco e é desdenhado pelas moças, que o veem como um velho de meia idade em crise, mas acaba conseguindo o que quer. A cena que fecha essa metade do filme é brutal e já antológica.

A metade final se passa 14 meses mais tarde, e mostra quatro mulheres envolvidas na produção de um filme holywoodiano em uma cidadezinha – adivinha – à beira de uma estrada. Uma atriz, uma maquiadora e duas dublês partem para testar o carro dos sonhos de uma delas (Zoe Bell, a dublê de Uma Thurman em Kill Bill), um Dodge Challanger 1970, o mesmo do clássico Corrida Contra o Destino. Enquanto elas fazem suas peripércias com o carro, Mike aparece para mais uma vez satisfazer a sua tara, mas nem tudo dá certo para o nosso anti-herói.

Cheio de bons diálogos – majoritariamente das mulheres, pois os homens quase não abrem a boca no filme – e ótimas cenas de ação, À Prova de Morte segue à risca a projeção das engrenagens de um carro ao passar por uma curva. Começa lento, ganha velocidade, emoção, diminui a velocidade para realizar o contorno e então segue a toda velocidade em linha reta até o final.

Quem já torcia o nariz para o diretor continuará torcendo, mas seus fãs ficarão felizes e satisfeitos mais uma vez. Isso se todos os fãs do cara já não tenham visto o filme em festivais, em DVDs/Blu-Rays importados ou através da internet. Mas mesmo para quem já o assistiu na tela pequena, o impacto na tela grande é bem maior.

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