Wagner Moura encarou seu primeiro filme como uma missão. Marighella expõe isso o tempo inteiro para o bem e para o mal. Mas para além de problemas de ordem técnicas, não há como negar a força do filme como discurso. E a potência de sua relevância.
Seu Jorge brilha na pele de Marighella, idealista e revolucionário que, junto com um grupo de jovens, acredita e enfrenta a ditadura militar reinante nas décadas de 60 a 80, num ideário de luta armada. Logo se vê caçado pelas instituições militares, sobretudo na figura do impiedoso Lúcio (Bruno Gagliasso).
Os problemas do longa são típicos dos primeiros filmes de seus realizadores: uma paixão exacerbada que borra o próprio senso de edição (o filme é notadamente longo) e que pouco contextualiza o momento histórico desperdiçando assim uma elaboração mais sólida do homem sob as circunstâncias que o marcaram. Entretanto, Marighella é uma boa forma de apresentá-lo ao grande público, especialmente pela aura de thriller que Wagner impõe sobre a narrativa (o início do filme é mesmo seu estopim).
O fato de Wagner ser um ator que dirige, resvala sobre a atenção dada a direção de atores e a sensibilidade com que mostra seus personagens submergindo de suas memórias para atenuar suas sobrevivências. Alguns deles (como de Adriana Esteves) se perdem pelo caminho, mas a preocupação do diretor é fazer de seu Marighella um parâmetro político atemporal. Consegue pelo que o filme tem de mais certeiro: a relevância desse lançamento nesse momento de Brasil. Quanto a isso não há defeito que o segure. Ainda bem.
Nota: Ótimo – 3,5 de 5 estrelas
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