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“Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros”

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Há um certo tipo de filme que você bate o olho no nome ou no cartaz e se tem certeza que aquele filme não pode e não deve ser levado a sério em momento algum, ainda assim se assiste o filme esperando para ver o porque daquilo ser feito. Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros é exatamente isso.

O que levou este que vos escreve a assistir o filme é o histórico do diretor Timur Bekmambetov em filmes de ação e com temática de horror. Os filmes “Guardiões do Dia” e “Guardiões da Noite” são ótimos exemplos de filmes de ação com pitadas de horror que dão certo e “O Procurado” por mais mentiroso que possa soar, é extremamente divertido em diversos momentos, boa parte graças a história original de Mark Millar.

Aqui, o filme em questão é baseado no livro de Seth Grahame-Smith que também escreveu o roteiro. Aparentemente o escritor e roteirista é a nova onda da turma de Tim Burton já que escreveu o roteiro de Sombras da Noite e está escrevendo o roteiro de Bettlejuice 2 (sim, eu sinto o mesmo ódio que vocês).

Na história, a vida de Abraham Lincoln, 16º presidente dos EUA é contada como se permeada por uma série de fatos envolvendo vampiros, desde a morte de sua mãe até as caçadas que o levam a conhecer sua esposa e que posteriormente fazem seu filho morrer muito jovem graças ao ataque de uma vampira.

Quando se trata de analisar um filme deste tipo, pode-se ver pelo lado técnico das filmagens, qualidade de som e imagem e gratificação do público com o resultado final, ou pode-se ser um crítico ríspido e começar a colocar todos os defeitos do mundo porque esse filme não é “Cidadão Kane” ou “Nosferatu” para nos mantermos no tema do horror.

Bekmambetov é um diretor que sabe divertir e sabe criar filmes divertidos para um público alvo que não quer saber de pensar demais. Ainda assim, me vi fascinado com a riqueza de detalhes da história e a até pequena quantidade de cenas de ação envolvidas (eu contei três grandes sequências durante os 105 minutos de filme, o que, comparado com Michael Bay, não é nada.

Há uma dedicação em contextualizar o espectador, fazer o público entrar na história, especialmente aqueles que não são norte-americanos ou estadunidenses e que não sabem a história toda de um dos mais icônicos presidentes dos EUA. A vida dele é contada de forma simples, criando-se um paralelo com sua vida de caçador de vampiros.

O elenco neste momento brilha tênuemente, mas proporcionalmente ao quanto é requisitado. Benjamin Walker é um Abraham Lincoln simples, com jeitão meio envergonhado em alguns momentos e em outros, um político nobre, como sempre foi retratado em suas aparições na mídia. Dominic Cooper é Henry Sturges, o homem que salva Abraham da morte e o treina para ser um caçador. Sua atuação é elegante e charmosa, da forma que o personagem pede que seja.

Mary Elizabeth Winstead como a esposa de Lincoln, Mary Todd Lincoln e Anthony Mackie como Will Johnson, amigo de infância deste completam o grupo. Do lado dos antagonistas, vale ressaltar apenas Rufus Sewell (Pilares da Terra) como Adam, um vampiro que merecia muito mais espaço para mostrar suas ambições e planos. Ainda assim, não há um ponto fraco no elenco, apenas alguns atores coadjuvantes que ficaram onde deveriam.

Porém, algumas coisas são dignas de nota negativa. O 3D do filme, apesar de se sobressair em alguns momentos, como a cena da perseguição a cavalo, em outras só atrapalha. Por diversas vezes Lincoln mata um vampiro e não se tem a mínima idéia de onde que ele acertou de tão escura que a cena ficou pela falta de iluminação adequada na hora de gravar e a conversão em 3D apenas obscureceu mais ainda tais cenas.

Por vezes se via que a matança estava acontecendo, era legal, mas não se via detalhes, muito em parte da possibilidade de se deixar o filme com a mínima censura possível para um filme desta temática. Tirando a já citada cena da perseguição a cavalo, o filme não tem mais nenhuma cena memorável de ação e até mesmo a que ocorre no trem, mais perto do final não é tão legal e tão bem feita, mais uma vez por culpa das péssimas escolhas do cinematógrafo e do grupo de efeitos especiais.

O filme é bom, vale a pena assistir em uma segunda-feira que é mais barato, se divertir e esquecer que ele existiu. Ao contrário dos outros filmes de Bekmambetov, este irá cair no abismo do esquecimento.

[xrr rating=3/5]

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