Enquanto assistia ao badaladinho Rua Cloverfield, 10 em um cinema da Barra da Tijuca, pude perceber com curiosidade, um casal a minha frente onde ambos assistiam ao filme sentados literalmente na beira de suas cadeiras. Poderia parecer pitoresco se eu não percebesse que… Também estava na beira de meu assento.
Uma jovem (Mary Elizabeth Winstead) sofre um grave acidente de carro e acorda no porão de um desconhecido.O homem (John Goodman) diz ter salvado sua vida de um ataque químico que deixou o mundo inabitável, motivo pelo qual eles devem permanecer protegidos no local. Desconfiada da história, ela tenta descobrir um modo de se libertar — sob o risco de descobrir uma verdade muito mais perigosa do que seguir trancafiada no local.
O filme é de fato, de dar nos nervos, no sentido de que sua claustrofóbica dramaturgia estimula o tempo inteiro uma espécie de desestabilização de nossas tensões. E isso, se passando praticamente todo num único pequeno cenário e com três personagens. A esperta direção do estreante Dan Trachtenberg, aliado a uma fotografia vigorosa de Jeff Cutter e a visão sagaz por trás da produção (e visão) de J J Abrams resultaram foi num filme que sabe manejar com nossas emoções usando as fórmulas do velho cinema, sem soar antiquado em sua narrativa segura.
E por mais que o final soe J J Abrams demais (e isso pode soar tanto frustrante, no sentido de expectativa, quanto interessante, no sentido de se deixar levar pelo universo apresentado), sua conjuntura dramática funciona assustadoramente bem. Até mais sólida que o Cloverfield inicial de 2008. Se J J Abrams pretende fazer de suas astúcias possíveis franquias, prepare-se para doses de Lexotan ao fim das sessões.
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