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“Apaixonados”: um amontoado de clichês novelescos

Existe uma dicotomia reinante nas chamadas comédias românticas feitas no Brasil. Ela diz respeito a sua dramaturgia, que sempre aponta para um melodrama folhetinesco, caindo na previsibilidade (até de minha própria análise) televisiva na abordagem arquetípica das relações amorosas. Ou seja, para a vertente atual de filmes do gênero, a ordem é “novelizar” suas tramas. Apaixonados, do diretor Paulo Fontenelle (dos ruins Divã a Dois e Se Puder… Dirija!), não foge em nada à regra. E ainda traz em si o estigma de, assim como o futebol, o cinema brasileiro não saber aproveitar as possibilidades do carnaval a seu favor (ok, com exceção polêmica do Orfeu de Cacá Diegues).

Três casais se encontram e se unem em pleno Carnaval, tentando ficar juntos em meio a diversos conflitos que surgem tendo a maior festa do Brasil como cenário. Cássia (Nanda Costa) é a porta-bandeira de uma escola de samba e além de se dividir entre as responsabilidades carnavalescas e a preocupação com o pai (Roberto Bonfim), que está internado, ela se envolve com o médico Léo (Raphael Viana). Outro casal improvável se forma com Soraia (Roberta Rodrigues), uma cabeleireira da comunidade, e Hugo (João Baldesserini), jovem abastado que é controlado pelo pai. O terceiro casal é formado pelo americano Scott (Danilo de Moura), que odeia samba e não consegue deixar o Rio de Janeiro, com a vendedora Uitinei (Evelyn Castro, um achado), que faz de tudo para conquistá-lo.

roteiro se estrutura em um jogo de encontros e desencontros dos casais e nos contrastes que provêm de suas diferenças. Essa previsibilidade é tolerada nas novelas, até devido à sua diluição em mais de 100 capítulos para contar uma história, mas num filme isso torna mais gritante o artifício e seu artificialismo.

Não que o gênero não possa trafegar pelos próprios clichês. As boas comédias românticas recentes não subvertem fórmulas, mas sim se valem dos clichês para se estabelecerem (Mesmo Se Nada Der Certo é um bom exemplo). Apaixonados peca pelo lugar comum. No desespero de dialogar com grandes plateias, acabou banalizando seu próprio resultado.

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