“As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras” entrega diversão com pouca ambição

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As Tartarugas Ninja, criação de Kevin Eastman  e Peter Laird, foram um dos maiores fenômenos pop do final dos anos 80 e início dos noventa, gerando toda ma série de bonecos, videogames e todo tipo de derivado que se possa imaginar. Claro que uma franquia tão poderosa não poderia ficar adormecida, e, além de outra séries animadas, também ganharam uma nova chance no cinema, após a trilogia dos anos 90, no embalo do retorno de outros hits oitentistas como Transformers e G.I. Joe.

“As Tartarugas Ninja”, de 2014, era um empreendimento de Michael Bay (de Pearl Harbour e Transformers) para trazer os quelônios de volta aos holofotes, com uma nova roupagem e muita tecnologia (os personagens eram gerados por motion capture). Apesar de não ter sido nenhum fenômeno, o filme deu lucro suficiente para motivar uma continuação (na verdade esses filmes já são feitos com esse intuito). “As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras” (Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows, EUA/2016) chega ao circuito nacional nesta quinta-feira, mas muitos cinemas já têm horários de exibição nas principais capitais brasileiras desde o último final de semana.

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Depois dos eventos do primeiro filme, Rafael, Leonardo, Donatello e Michelangelo continuam combatendo o crime, mas usando  a furtividade ninja para não serem descobertos pela sociedade, enquanto o cameraman Vernon Fenwick (Will Arnett) goza de uma vida de popstar, por receber todas as láureas pelo episódio em Nova York visto no final do filme anterior. Ao mesmo tempo, o Destruidor (Brian Tee) está arquitetando um plano mirabolante para se libertar da custódia da lei e reestruturar o seu clã do pé. Para esse fim, recruta os serviços do cientista Baxter Stockman (Tyler Perry) e faz um acordo com o alienígena Krang  que está prestes a invadir a Terra. Caberá às Tartarugas, com a ajuda da intrépida jornalista April O’Neil (Megan Fox), impedir a ação do seu inimigo e lidar com a nova ameaça que paira sobre a cidade de Nova York e o planeta.

‘Fora das Sombras’ não apresenta nenhuma novidade narrativa em relação ao que vimos no filme de 2014, segue a mesma estrutura da trama anterior, inclusive com um climax bastante similar, com a big apple correndo perigo e um embate que lembra bastante a última fase de um jogo de videogame (mídia que os personagens sempre foram figura fácil). Novidade mesmo fica por conta dos personagens conhecidos dos quadrinhos e das séries animadas que só agora foram apresentados nessa nova fase cinematográfica. São introduzidos, além de Baxter e Krang (fidelíssimo graças às possibilidades do CGI), o justiceiro Casey Jones (Stephen Amell) e a dupla de capangas desprovida de massa encefálica Rocksteady (Gary Anthony Williams)  e Bebop (Stephen Farrelly), outro bom trabalho do CGI. Contudo, todos esses personagens perdem força devido a suas motivações um tanto simplistas. Simplismo também é sentido na resolução de algumas situações, o que fará com que os espectadores mais velhos se sintam um pouco subestimados.

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No geral,  tom do roteiro de Josh Appelbaum e André Nemec é ainda mais leve do que do ‘Tartarugas 1’ (também assinado por eles), apesar da ação incessante. Se o anterior acenava levemente para o clima sombrio dos quadrinhos em alguns momentos, este tem como clara fonte de inspiração o desenho animado do final dos anos 80. Há um excesso de piadas, a maioria pueril, mas algumas até têm sua graça, como a brincadeira com Vanilla Ice, o rapper que era um dos maiores astros pop no auge da popularidade das tartarugas (inclusive participou do segundo filme da primeira trilogia), ou o criador Kevin Eastman dando uma de Stan Lee (prestem atenção em um certo entregador de pizza).

Dessa vez Megan Fox não assume tanto protagonismo e a sua April tem função semelhante à das HQs e na TV, com boa relevância, mas sem eclipsar as verdadeiras estrelas do show, como acabou ocorrendo na produção passada. Já entre os heróis, mais uma vez Leonardo ficou reduzido a coadjuvante/escada, apesar de ser o líder do grupo, e o mentor do quarteto, a ratazana Mestre Splinter, acabou sem muita função, chegando até a ser alívio cômico em alguns momentos. O viés mais sério é trazido por outra personagem nova, a chefe de polícia Rebbeca Vincent (Laura Linney)

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A direção desta vez ficou a cargo de Dave Green, que assumiu  posto ocupado por Jonathan Liebesman, mas é possível notar claramente a mão pesada de Michael Bay orquestrando tudo como produtor, afinal de contas, ele sempre foi o dono do brinquedo. O Brasil está representado no longa por Lula Carvalho, que retorna como diretor de fotografia, a modelo Alessandra Ambrosio fazendo uma ponta como uma namorada de Vernon, e uma sequência que se passa no país, mas apenas a tomada das Cataratas do Iguaçu foi feita aqui, e pela segunda unidade (detalhe que a ação se dá na floresta amazônica!).

“As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras” ensaia apresentar um elemento de fato interessante ao abordar o amadurecimento dos heróis, tanto como pessoas (ou melhor, quelônios mutantes) quanto como guerreiros, e a questão existencial, na busca por um lugar no mundo. Se esse mote fosse abordado com maior profundidade, enriqueceria a trama. Mas isso é apenas demanda de um crítico rabugento. O intuito de um filme do verão americano protagonizado por tartarugas mutantes viciadas em pizza não é fazer pensar e refletir. O público alvo – crianças, fãs e quem apenas quer diversão descompromissada – com certeza embarcará na aventura. Foi pensando neles que a terceira estrela foi adicionada na cotação abaixo. No quesito entretenimento os heróis de meio casco nunca falham, seja qual for a mídia.

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Filme: As Tartarugas Ninja:Fora das Sombras (Teenage Mutant Ninja Trutles: Out of the Shadows)
Direção: Dave Green
Elenco: Megan Fox, Will Arnett, Laura Linney
Gênero: Ação/Aventura
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Paramount Pictures
Duração: 1h 52 min                                                      Classificação: 10 anos

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