No dia 12 de abril, os atores Thiago Lacerda, Marcos Palmeira, Dan Stulbach, as atrizes Alinne Moraes e Julia Lemmertz, além do rapper Projota, conversaram com a imprensa do Rio de Janeiro, em um complexo de cinemas na Zona Sul carioca, sobre o trabalho que fizeram na versão brasileira de “Mogli, o Menino Lobo”, a mais recente superprodução da Disney.
Assim como o “Cinderella” de 2015, o filme readapta uma história da literatura clássica, que já tinha sido transformada em animação em 1967, mas agora em versão live action, com apenas um ator real (o menino Neel Sethi, que interpreta o personagem título) e uma computação gráfica impressionante ao criar animais e uma floresta inteira de uma maneira muito satisfatória.
Julia Lemmertz, que dubla a loba Raksha (que na versão original tem a voz de Lupita Nyong’o), confessou ter ficado muito feliz em ter sido convidada para fazer esse trabalho por ser um filme que remeteu à sua infância. Para ela, uma das coisas que mais gostou foi encontrar a maneira de falar da personagem a partir do momento em que ela entendeu a sua relação com Mogli.
A atriz também falou de como foi trabalhar com uma personagem que não tinha ganhado maior importância nas versões anteriores da história e de um dos momentos mais tocantes para ela dublar no filme.
“Durante a dublagem, que já tinha sido feita pela Lupita, vendo aquele menino molhado na chuva, indo embora (da alcateia) e aquela loba dizendo ‘Vai! Não importa para onde você vá, eu sempre serei a sua mãe’ é uma voz universal de mãe que eu sou, de todas as mães, as que adotam, do amor incondicional de uma mãe, está tudo ali!”, declarou Julia.
Dan Stulbach, que faz a voz da pantera Bagheera, disse que adora animação desde criança e que se sentiu honrado em dublar esse personagem por causa de sua integridade e sua seriedade. Além disso, ele ficou feliz ao ver o trabalho final e elogiou os colegas. O ator afirmou que, quando Marcos Palmeira soube que iria fazer esse papel ficou muito entusiasmado.
“Você já viu o filme de novo? Você tem que ver! Agora!!!”, disse, imitando o amigo, levando os jornalistas aos risos, confessando que reviu a animação, em parte, para satisfazê-lo. Para ele, o importante deste projeto é que ele tem “alma e sabor” e que precisa ser visto nos cinemas: “É muito legal fazer uma coisa para o nosso tempo, que foi antiga, para as crianças”, afirmou Stulbach.
Questionado sobre o que falta para a animação brasileira alcançar a excelência da Disney, Dan Stulbach disse que é preciso mais espaço e investimento. Além disso, para ele, o Brasil já tem bons profissionais e que temos como um ótimo exemplo o diretor Carlos Saldanha, que faz sucesso mundialmente com as animações das franquias “A Era do Gelo” e “Rio”: “O mais difícil a gente tem, que é o talento”, afirmou o ator.
Ele também declarou que, se pudesse, gostaria de dublar Barney ou Salsicha, personagens clássicos da Hanna-Barbera, o que causou algumas risadas entre os repórteres, ou algum personagem de “Procurando Dory”, um dos próximos grandes lançamentos da Disney/Pixar. Já Julia Lemmertz confessou que gostaria de ser uma das vozes dos “Jetsons” e que chorou ao ver o Pato Donald quando foi à Disneylândia pela primeira vez.
O rapper Projota, disse que “ganhou um presente” quando foi chamado para fazer uma nova versão da música mais conhecida do filme, “Somente o Necessário”, com a intenção de fazer não algo melhor, mas mais moderno. Ele declarou que recebeu um trecho do filme no You Tube para se inspirar e depois entrou com seus músicos num estúdio com mil problemas, mas saiu com dez mil soluções.
“Conseguimos dar uma nova cara, com uma batida mais moderna (…) Eu dei o meu suingue, a minha interpretação e o desafio foi como colocar o Projota nessa música. E, mais uma vez, agora, vai ficar na cabeça de todo mundo!”, disse Projota, que acrescentou que o sonho de todo o artista é ter seu nome vinculado à Disney.
Alinne Moraes, que estreou na dublagem como a cobra Kaa, afirmou que foi muito divertido fazer a voz da personagem, embora admita ter tido alguma dificuldade em articular algumas palavras para encaixar na personagem.
Questionada se cantaria uma versão brasileira de “Trust in Me”, interpretada por Scarlett Johansson, que fez a voz original da ardilosa réptil, a atriz disse que até faria, mas se declarou ser muito “travada” para cantar, apesar de ter cantado no filme “O Homem do Futuro”, com Wagner Moura, e em um comercial. Ela disse que a melhor cena de Kaa é quando ela conta a história da vida de Mogli.
Marcos Palmeira declarou que foi um prazer muito grande interpretar o urso Baloo por ele ser o personagem mais marcante para ele. O ator admitiu que se baseou no que Bill Murray fez na versão original e tentou se divertir fazendo a voz. Ele também elogiou a tecnologia usada no filme e que a coisa mais complicada que teve que enfrentar foi cantar “Somente o Necessário”.
“O diretor musical teve a maior paciência comigo. Eu sempre tive vontade de cantar. Eu me lembro, nos anos 90, que cheguei a cantar um rock do Paulinho Moska no filme “Stelinha” e, depois nunca mais. Até porque tive umas experiências ruins e fui ficando meio travado. De uma certa forma, esse filme me libertou de novo (…) e essa é uma história que a minha filha vai ver e pensar ‘Nossa! É a voz do papai que tá ali. Que loucura!”, brincou Palmeira, que voltou a fazer aulas de canto e acha que “Mogli, o Menino Lobo” é um clássico. “Todo menino já foi um Mogli!”, decretou o ator.
Thiago Lacerda, o mais experiente entre os atores na dublagem, já que já tinha emprestado a sua voz em outras animações como “Simbad, a Lenda dos Sete Mares” e “Megamente”, sempre nos papéis de mocinhos, se disse fascinado em fazer a voz do vilão Shere Khan.
Para o ator, o tigre é uma força da natureza e um personagem transparente. “Sou um admirador dos felinos e, por isso tenho essa dedicação pela sua imprevisibilidade. Foi muito bom fazê-lo!”, disse Lacerda. Ele considera importante que os atores precisam passar por uma escola de dublagem porque o trabalho dos dubladores é difícil e há muitos bons profissionais no Brasil.
O astro também admitiu que gostaria que os nomes dos dubladores aparecessem nos créditos, como foi feito no fim de “Mogli, o Menino Lobo”. “Eu acho que o trabalho de dublador é fundamental, importantíssimo. Mas cadê o nome dos caras? Quando eu vejo um filme extremamente bem dublado, eu quero saber o nome daquele cara!”, afirmou o ator.
Tanto Lacerda quanto Palmeira admitiram que não tiveram muito tempo para uma dublagem mais elaborada, mas que adoraram trabalhar no filme. Tanto que, ao saberem que a Disney quer fazer uma segunda parte, o dublador de Shere Kahn brincou: “Precisamos rever esse contrato!”, disse, aos risos.
O ator confessou ter a cena de abertura e uma hora que ele tem que contar uma história como seus momentos favoritos, embora difíceis. Para Marcos Palmeira, o mais complicado foi na sequência em que Baloo tem que enfrentar o Rei Louie (dublado por Tiago Abravanel, que não esteve na coletiva).
“Mogli, o Menino Lobo” já estreou nos EUA com grande sucesso e também está sendo exibido aqui no Brasil desde o dia 14 de abril.
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