Poucos meses após o lançamento de Os Mercenários 4, Jason Statham retorna com mais um de seus personagens marcantes. Apesar da saga criada por Sylvester Stallone, na qual Statham ascendeu ao papel de protagonista, manter um certo grau de ironia, esse elemento fica mais em segundo plano em Beekeeper: Rede de Vingança.
Dirigido por David Ayer (Esquadrão Suicida), o filme apresenta Adam Clay, um ex-agente secreto com um passado sombrio que se tornou apicultor. Quando sua única amiga, uma senhora idosa, comete suicídio após ser vítima de fraude, Clay decide agir. Utilizando tudo que aprendeu, declara guerra a uma poderosa organização criminosa responsável pela fraude. Paralelamente, a policial Verona Parker (Emmy Raver-Lampman), filha da vítima, busca justiça para sua mãe e tenta capturar Clay.
A colmeia e seu guardião
O enredo de “O Apicultor” é básico e previsível, típico de filmes de ação e vingança. O roteiro de Kurt Wimmer (Os Mercenários 4, remakes malsucedidos como O Vingador do Futuro e Caçadores de Emoção), aposta em psicologias superficiais. Adam Clay, o protagonista, é uma máquina de guerra que volta à ação para vingar um ente querido, um clichê do gênero. Interpretado por Statham, Clay é um vingador solitário, semelhante ao personagem de Denzel Washington na franquia O Protetor e segue uma linha de profissionais aposentados que retornam a uma última missãoo, como o pedreiro de Aaron Eckhard em Agente X: Última Missão (2024) ou o pintor de Charlie Weber em The Painter (2024).
A ação é implacável e o filme tenta adicionar profundidade com a metáfora da colmeia, mas a mensagem parece ilusória. Beekeeper: Rede de Vingança busca entretenimento fácil e direto, tanto na apresentação quanto na narrativa.
Procura-se vilão
A direção de David Ayer mantém um bom ritmo e uma sensação de fisicalidade na ação. A irreverência da história se expressa principalmente pela performance intensa e física do protagonista, que se mantém impressionante mesmo com a idade avançada. As cenas de “O Apicultor” é funcional e a violência é menos intensa do que o esperado. No entanto, a narrativa apresenta falhas e ingenuidades que comprometem parcialmente a experiência. A trama carece de um vilão convincente; o personagem de Josh Hutcherson é mal concebido e pouco funcional, enquanto o talento de Jeremy Irons é desperdiçado em um papel secundário.
Especiosidade “política”
O tema do filme realmente ofereceu algumas oportunidades para explorar a relação entre o protagonista e a filha da mulher assassinada, abordando a dialética entre a lei e o desejo de vingança. No entanto, essa questão é rapidamente deixada de lado na prática. A reviravolta narrativa nos últimos minutos permanece fraca e previsível, resultado da abordagem política da história, que é apresentada de forma superficial.
A conclusão da história, embora aberta a uma possível continuação, deixa a desejar em relação às consequências das ações do protagonista e sua fuga. No entanto, essa conclusão é coerente com o desenvolvimento do filme como um todo. O entretenimento oferecido pelo filme de David Ayer carece de elementos que equilibrem a simplicidade da trama, resultando em uma diversão aceitável, porém capaz de ser rapidamente esquecido.
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