"Buscando..." mostra como usar bem a tecnologia para fazer um ótimo suspense – Ambrosia

"Buscando…" mostra como usar bem a tecnologia para fazer um ótimo suspense

"Buscando..." mostra como usar bem a tecnologia para fazer um ótimo suspense – Ambrosia
"Buscando..." mostra como usar bem a tecnologia para fazer um ótimo suspense – Ambrosia
"Buscando..." mostra como usar bem a tecnologia para fazer um ótimo suspense – Ambrosia
"Buscando..." mostra como usar bem a tecnologia para fazer um ótimo suspense – Ambrosia
"Buscando..." mostra como usar bem a tecnologia para fazer um ótimo suspense – Ambrosia

Com a popularização da internet, grande parte da população passou a aderir a novas formas de comunicação através de sites, blogs, salas de bate-papo e, principalmente, as redes sociais. Assim, muitos usuários puderam trocar informações, desabafar seus sentimentos e ter a impressão de que a distância física não é mais um obstáculo para trocar ideias entre si, já que programas como o WhatsApp se tornaram praticamente obrigatórios na vida das pessoas, que podem passar horas de suas vidas teclando, fazendo vídeos ou compartilhando imagens para aproveitar essa onda que não mostra sinais de cansaço e deve ficar cada vez mais forte com o passar dos anos.
O cinema já procurou usar esse novo fenômeno para criar tramas que utilizassem dessas ferramentas para desenvolver suas histórias, geralmente de terror ou suspense. Alguns foram muito bem sucedidos em suas propostas, como “Amizade Desfeita” e outros, uma catástrofe completa como “O Chamado 3”. Mas, felizmente, “Buscando…” (“Searching…”, 2018) mostra que é possível, sim, criar e desenvolver uma ótima narrativa através das novas tecnologias, sem perder o ritmo e a sensação de tensão necessários para prender a atenção do espectador até o final, graças à criação de um ambiente familiar para quem passa muitas horas diante da tela de um computador.
A trama acompanha o viúvo David Kim (John Cho), que sempre procurou ficar perto da filha Margot (Michelle La) e usa todas as tecnologias disponíveis (celulares, laptops…) para manter contato com a jovem e participar da sua vida, mesmo quando está distante dela. Mas, um dia, ao tentar contatar Margot, David percebe que ela não está nos lugares onde deveria estar e a falta de notícias dela o deixa cada vez mais angustiado. Após horas de seu desaparecimento, David pede ajuda à polícia e passa a contar com o auxílio da detetive Vick (Debra Messing) para descobrir o seu paradeiro. Como as buscas iniciais não surtem efeito, ele resolve investigar por conta própria e olhar o laptop de Margot para descobrir os motivos que a levaram a desaparecer e, no processo, acaba descobrindo mais sobre a vida da filha e percebendo que, talvez, ele não a conheça como acreditava.
O que torna “Buscando…” um suspense muito bem acabado é como são utilizados os recursos da internet e redes sociais para deixar a história muito bem conectada. Assim, telas de Facebook, Twitter, Instagram, FaceTime, Skype, entre outras (além de telas de TV e câmeras de segurança), são utilizadas de forma orgânica, sem parecer um adorno desnecessário para a trama, além de manter a tensão a um nível e tornar as reviravoltas bastante críveis, fazendo com que o interesse seja sempre mantido e instigando o público cada vez mais a querer saber como tudo vai terminar. O principal responsável por isso é o diretor Aneesh Chaganty que, em seu primeiro filme, mostra um bom domínio do suspense e de seus atores, ainda mais em um ambiente que poucos realizadores se aventuram em desbravar.
Outro grande mérito do filme é o roteiro, escrito pelo cineasta e por Sev Ohanian, que, apesar das conveniências e de algumas (poucas) inverossimilhanças, especialmente no final, é bastante feliz ao trabalhar questões que criam uma identidade automática entre o espectador e o que é mostrado na tela. Afinal, as preocupações de David não diferem muito da maioria das pessoas que têm filhos e ficam aflitos quando não têm notícias deles, nem que sejam por algumas horas. Além disso, vale destacar que o texto trabalha muito bem o perfil dos protagonistas, fazendo-os bastante humanizados, a ponto de fazer o público entender suas atitudes e se preocupar genuinamente por eles, torcendo para que as coisas deem certo no fim das contas.
Isso sem falar de que os roteiristas também se preocuparam em mostrar como as pessoas se comportam nas redes sociais já que, à medida que a busca por Margot se torna cada vez mais “viralizada” na internet, pessoas que pareciam não se importar com ela mudam o discurso apenas para se tornar mais populares e ganhar “likes” em suas publicações. Algo que realmente acontece na vida real, onde muita gente está mais preocupada em “causar” do que fazer algo genuíno. Uma boa sacada que ajuda a tornar a trama ainda mais plausível e atual. Além disso, os roteiristas foram bastante felizes em criar protagonistas de origem asiática. Além de sair da mesmice, o recurso ajuda a dar mais representatividade e, curiosamente, o filme saiu praticamente na mesma época em que um dos grandes sucessos de bilheteria nos Estados Unidos, “Podres de Ricos”, que também conta com atores asiáticos.
No pequeno elenco, quem se destaca é John Cho, mais conhecido como o Sulu dos novos filmes da franquia “Star Trek”. Atuando boa parte do tempo sozinho, Cho faz com que David seja um pai cuidadoso e preocupado, que vai aos poucos entrando em desespero por não saber o que aconteceu com a filha e também por perceber que ela guarda segredos dele, o que afeta seu comportamento, mas sem jamais soar exagerado ou inconvincente. É através de sua performance que o público se vê cúmplice de sua busca e fica do seu lado, na expectativa de que ele consiga as respostas que procura. Debra Messing, que ganhou fama ao estrelar a série de TV “Will & Grace”, tem uma atuação segura como a detetive determinada em encontrar a jovem desaparecida e alterna momentos em que precisa impor sua autoridade com outros em que revela uma humanidade ao perceber o desespero de David.
Joseph Lee, que interpreta Peter, o irmão do protagonista, serve às vezes de alívio cômico com seu jeito meio desleixado, mas à medida que a trama avança, se mostra um bom ombro amigo a David de uma maneira que nunca parece forçada. A jovem Michelle La ajuda a tornar Margot uma personagem ao mesmo tempo simpática e intrigante, com os mistérios em relação às atitudes que vão sendo reveladas aos poucos.
Produzido por Timur Bekmambetov (que dirigiu “O Procurado”, “Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros” e o remake fracassado de “Ben Hur”), entre outros, “Buscando…” se revela uma grata surpresa que merece ser descoberta pelo grande público. O filme (que tem todas as imagens dos menus dos programas de computador traduzidas para o português) mostra que é possível fazer uma obra intrigante com uma linguagem mais moderna e, ao mesmo tempo, tão familiar para todos. Basta ter uma boa história nas mãos e um verdadeiro amor pelo material. Coisa que todos os envolvidos aqui parecem ter de sobra.
Filme: Buscando… (Searching…)
Direção: Aneesh Chaganty
Elenco: John Cho, Debra Messing, Joseph Lee, Michelle La
Gênero: Suspense
País: EUA
Ano de produção: 2018
Distribuidora: Sony Pictures
Duração: 1h 42 min
Classificação: 14 anos

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