Cultura colaborativa! Participe, publique e ganhe pelo seu conteúdo!

“Capitão América: Guerra Civil” mostra como é possível manter filmes de super-heróis realmente relevantes

Com a profusão de adaptações de quadrinhos para o cinema, já se discute se este tipo de produção não estaria desgastado, porque ano após ano há cada vez mais filmes deste filão, com resultados nem sempre satisfatórios (a não ser nas bilheterias, claro). Mas quando surge uma obra que consegue ser, ao mesmo tempo, um trabalho que respeita o material original (mesmo sem ser totalmente fiel a ele) e bom cinema, é possível dizer que o gênero ainda tem fôlego para durar por muito tempo nas telonas.

Este é o exemplo de “Capitão América: Guerra Civil” (“Captain America: Civil War”), que se sai bem em se basear (anda que bem de leve) em uma das sagas mais queridas entre os fãs das revistas da Marvel e entrega para o público uma aventura incrível que não para um segundo e empolga até quem não curte muito histórias envolvendo super-heróis.

A história se passa um pouco depois dos eventos ocorridos em “Vingadores: Era de Ultron”, onde Steve Rogers (Chris Evans) lidera uma nova formação dos Vingadores em uma missão para impedir que o ex-agente da SHIELD Brock Rumlow, agora conhecido como o terrorista Ossos Cruzados (Frank Grillo) cometa um atentado na Nigéria.

Só que algo dá muito errado e o grupo é chamado pelo Secretário de Estado (e ex-general) Ross (William Hurt), que, ao lado de Tony Stark (Robert Downey Jr), revela que há uma grande pressão política para que os heróis assinem o Tratado de Sokovia (país onde ocorreu a grande batalha de “Era de Ultron”) e passem a ser supervisionados por uma agência do governo americano.

A ideia agrada a uma parte do grupo, como a Viúva Negra (Scarlett Johansson), Máquina de Combate (Don Cheadle) e Visão (Paul Bettany). Mas o Capitão América e seu parceiro, o Falcão (Anthony Mackie), são contra, porque isso lhes tiraria a liberdade de agir para salvar as pessoas sem interferências externas. Já a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) fica em dúvida sobre quem está com a razão neste caso. A situação piora quando ressurge o Soldado Invernal (Sebastian Stan), o que obriga Steve a ir contra seus companheiros, ainda mais que, após um incidente, aparece o Pantera Negra (Chadwick Boseman), disposto a acertar as contas com o ex-assassino da Hydra.

Assim, os Vingadores acabam se dividindo e entram num conflito, que conta ainda com a participação do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), do Homem-Formiga (Paul Rudd) de um herói novato conhecido como  Homem-Aranha (Tom Holland). Mas, por trás de tudo isso, está uma ameaça ainda maior, representada por Zemo (Daniel Brühl), um misterioso novo inimigo.

Com “Guerra Civil”, os irmãos Anthony e Joe Russo mostram que o ótimo trabalho realizado em “Capitão América 2: O Soldado Invernal” não tinha sido uma obra do acaso. A dupla de diretores mantém um ótimo ritmo nas cenas de ação e, assim como na aventura anterior, elabora sequências de luta incríveis e bem elaboradas, daquelas de prender o espectador na cadeira, especialmente durante a abertura, em um momento de perseguição, quando os heróis se enfrentam num aeroporto, onde utilizam todas as suas habilidades de maneira alucinante, e no confronto final, que é para ser visto, não descrito, de tão bom que é.

O filme também conta com um bom roteiro que, se não supera a excelência alcançada em “O Soldado Invernal”, pelo menos se mostra capaz de prender a atenção com bons diálogos e reviravoltas, nenhuma delas gratuita ou excessiva, algo que anda um pouco em falta ultimamente. Mas os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely poderiam ter caprichado um pouco mais nas motivações do vilão Zemo, que ficaram pouco intrigantes e superficiais demais.

Além disso, a Agente 13 (Emily VanCamp), que mostrava tanto potencial no filme anterior, foi muito pouco aproveitada, assim como Martin Freeman, que vive um novo personagem, Everett K. Ross. Porém, os escritores foram muito felizes na maneira encontrada para reintroduzir o Homem-Aranha, dando uma ideia do que pode surgir (de bom) para o personagem, agora que ele faz parte do Universo Cinematográfico da Marvel.

O Aranha, aliás, é um dos destaques do ótimo elenco de “Guerra Civil”. O jovem Tom Holland, que já tinha impressionado no drama “O Impossível”, se mostra confortável como o Cabeça de Teia e seu alter-ego, Peter Parker.

Embora possa parecer estranho ver o personagem tão mais jovem do que as versões feitas por Tobey Maguire e Andrew Garfield, Holland tira de letra e é responsável pelas cenas mais divertidas do filme, especialmente em um momento em que contracena com Robert Downey Jr, além de se sair muito bem durante o principal confronto da produção. Outro que também se destaca entre os “novatos” é Chadwick Boseman, que dá um show como o Pantera Negra, esbanjando carisma e dando ao herói a periculosidade necessária para torná-lo respeitável aos outros. Já Daniel Brühl não está ruim como Zemo, mas poderia estar melhor se o roteiro o ajudasse.

Entre os “veteranos”, vale destacar a divertida participação de Paul Rudd como o Homem-Formiga, tão divertido quanto o Homem-Aranha no filme. Paul Bettany também tem bons momentos como o Visão e faz uma boa dupla com Elizabeth Olsen, especialmente numa cena em que discutem questões sobre sentimentos humanos. Já Scarlett Johansson, Don Cheadle, Anthony Mackie e Jeremy Renner não fazem nada muito diferente do que já fizeram antes.

Sebastian Stan está bem nas cenas de luta como o Soldado Invernal, mas não brilha nos momentos dramáticos. Quem marca presença, mais uma vez, são mesmo os líderes dos times. Chris Evans consegue manter a aura correta de Steve Rogers sem tornar o Sentinela da Liberdade um chato, e Robert Downey Jr tem, neste filme, a chance de mostrar, não só o seu costumeiro carisma como o Homem de Ferro, mas também as angústias de Tony Stark pelas decisões que toma para se sentir melhor consigo mesmo, o que acaba causando a estranheza com o Capitão América.

A chamada Fase 3 da Marvel começou muito bem com “Capitão América: Guerra Civil”. O filme, certamente, um dos melhores já feitos pelo estúdio, mostra que os irmãos Russo estão prontos para o mais novo desafio, que é substituir Joss Whedon e comandar “Vingadores: Guerra Infinita”, que será dividido em duas partes e deve contar com mais heróis ainda.

Graças a filmes como este, a Casa das Ideias se fortalece ainda mais no cinema e deve gerar mais produções nos próximos anos. Basta manter o bom nível que alcançaram e consigam ir além, sem se repetir nem se acomodar com o que conquistaram. E que venham mais coisas boas no futuro! Sempre com a participação de Stan Lee e suas ótimas pontas.

P.S. Não deixem de ver as duas cenas pós-créditos do filme. Valem muito a pena.

Filme: Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War)
Direção: Anthony Russo, Joe Russo
Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson
Gênero: Ação, Aventura
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Disney/BuenaVista

Compartilhar Publicação
Link para Compartilhar
Publicação Anterior

Conheça Violescent, primeiro música do supergrupo Gone Is Gone

Próxima publicação

Lindas e controversas; conheça as ilustrações do artista polonês Graficzne Igor Morski

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia a seguir