“Casa da Mãe Joana 2” desperdiça bons atores com trama sem graça

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Sucesso inesperado de 2008, “Casa da Mãe Joana” se inspirou nas experiências que o diretor Hugo Carvana teve ao dividir, na juventude, um apartamento com seus amigos, como Daniel Filho, para contar as desventuras dos golpistas Juca (José Wilker), PR (Paulo Betti) e Montanha (Antonio Pedro Borges), que faziam de tudo para não perder a casa onde moravam. Cinco anos depois, o grupo volta a se reunir em “Casa da Mãe Joana 2”, novamente com Carvana na direção. É uma pena, no entanto, que a sequência, embora seja muito bem executada tecnicamente, seja bem menos interessante que o filme original.

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Quando o filme começa, vemos que Montanha não é mais um jornalista fracassado. Ele ficou rico após escrever o livro que conta suas histórias com Juca e PR, que se tornou um grande sucesso. Mas o ex-farrista não está feliz. Vivendo praticamente só, ao lado apenas da governanta Araci (Betty Faria), Montanha vive com saudade dos amigos e ainda por cima continua a ter visões de Dolores Sol (Juliana Paes), que agora está espalhada pela casa em quadros que lembram a Mona Lisa. Mas Juca, após uma frustrada volta ao mundo em busca da maconha perfeita (que culminou com sua prisão num país distante), e PR, que aplicou mais um golpe numa viúva rica (vivida por Carmem Verônica), voltam a se encontrar. O grupo só não contava que, depois de uma frustrada sessão espírita, teria que conviver com o fantasma da cabeça de Maria Antonieta (Fabiana Karla) e de seu serviçal Zazzie (Caike Luna, estreando no cinema),  que quer encontrar um amor de verdade, e acaba se engraçando para o lado de Juca.

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A partir desse fiapo de história, o filme apresenta diversas situações envolvendo o trio de protagonistas em vários quiprocós, sem, no entanto, despertar algum tipo de graça. Os novos personagens que surgem no caminho dos “heróis”, como as irmãs vividas por Leona Cavalli e Lucia Bronstein, que querem capturar as “partes baixas” de PR por causa de uma herança, os golpistas interpretados por Betty Faria e Anselmo Vasconcellos, além dos fantasmas, são pouco (ou nada) carismáticos. Mas o pior está no roteiro escrito por Paulo Halm, que já foi mais feliz em projetos como “Pequeno Dicionário Amoroso”, “Guerra de Canudos” ou “Cazuza – O Tempo Não Para”. O texto utiliza um humor muito pobre para atores tão bons no elenco. Além disso, algumas das piadas parecem ter ficado no meio do caminho, não sendo totalmente exploradas, como se houvesse algum tipo de vergonha, ou a sensação de que algo não estava mesmo certo.

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Carvana, no entanto, mostra certa habilidade ao lidar com os efeitos especiais, que não são espetaculares, mas são acima do nível razoável. É uma pena que isso seja muito pouco para que “Casa da Mãe Joana 2” seja, no mínimo, um projeto satisfatório. Nem mesmo a pequena homenagem feita pelo cineasta, quase no fim do filme, ao muito superior “Dona Flor e Seus Dois Maridos” tira o gosto amargo do resultado final. O jeito é esperar que o diretor seja mais feliz nos seus próximos projetos.

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