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“Cinderella”: sem culpa de ser uma “Sessão da Tarde”

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A iniciativa da Disney em fazer releituras de seus próprios clássicos (ou de suas próprias apropriações) demonstra que a companhia americana de boba não tem nada. Muito pelo contrário. Diferente do irregular MalévolaCinderella (que curiosamente, já salvou o conglomerado da falência, nos idos anos 50), não tenta subverter a fórmula para resultar num arremedo mal ajambrado de um conto de fadas. O filme, dirigido pelo cada vez mais mainstream, Kenneth Branagh, é um classicão, apresentando a conhecida historinha da menina de bom coração (Lily James) que se vê encurralada pelos desmandos da madrasta tirânica e suas filhas invejosas. E, no final das contas, só quer um “The End“, com seu (protótipo) de príncipe contemporâneo (o “Game of Thrones“, Richard Madden).

Trata-se de um típico “filme de Sessão da Tarde“, ou seja, previsível, leve e com sua boa dose de carisma. Branagh sempre dá atenção especial às performances de seu elenco e aqui, há abundância de boas atuações, com os atores nitidamente se divertindo em seus papéis. Mas obviamente, que o grande destaque vai para a vilã vivida por Cate Blanchett, que não tipifica seu papel, investindo em numa interpretação “ocular” e, portanto, deslumbrante. Outro destaque são os figurinos, que tanto atendem às necessidades fabulares da trama, quanto engrandecem as cenas. Talvez o filme ganhasse mais se investisse numa participação mais ampla de Helena Bonham Carter, mas Cinderella sabe o poder de sua própria prerrogativa: trata-se de uma história de grande domínio público e o seu desafio mesmo foi não atrapalhar seu próprio resultado, querendo dourar a pílula, como no filme de Angelina Jolie. Assim, acaba que Cinderella é uma fábula já vista, mas ciente de sua relevância para a cultura pop atual.

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