Antes de mais nada, não, vocês não estão imaginando coisas (ou será que estão?), hoje quem faz a coluna sou eu, em um acordo de cavalheiros entre os escritores do site e este editor. Como ainda estamos em novembro, e a quinzena macabra acabou já faz um tempo, eu pedi para meus caros colegas um espaço para falar de um dos melhores filmes de terror psicológico de todos os tempos: O Iluminado de Stanley Kubrick, baseado no livro homônimo de Stephen King.
Tá, eu sei que aqueles que leram a obra vão me execrar, vão dizer que o Stephen King não gostou e que foi feito um outro filme, seriado, etc. Bem meus caros, como eu disse ali em cima, eu vou falar de “O Iluminado” de Stanley Kubrick. Durante o artigo vocês irão entender que em verdade eu não vim aqui para traçar um paralelo entre as obras, mas sim, uma análise do filme em si, raspando na profundidade a qual Kubrick quis dar a ele.
Começar com um resumo do filme provavelmente seria desagradável ao leitor que já o assistiu tantas vezes como eu, mas, necessário àqueles que nunca viram. Jack Torrance (Jack Nicholson) é contratado para ser zelador de um hotel que durante o inverno fica isolado pela neve. Ele pretende usar este tempo para se dedicar a escrever um livro. Ele leva sua esposa Wendy e filho Danny, que tem poderes paranormais que são uma espécie de visão do futuro e passado. Durante o inverno, Jack começa a alucinar e Danny vê diversas imagens de pessoas estranhas passeando pelos corredores e se dirigindo ao quarto 237, que, segundo o cozinheiro Dick Hallorann, ele deveria se manter distante por conter coisas ruins. Daí em diante, vemos a loucura de Jack se extravasar enquanto ele é aconselhado pelos fantasmas do hotel a matar sua família, levando ele a caçar ambos pelo prédio e jardins, onde existe um imenso labirinto no qual ele persegue Danny.
O resumo foi bem por cima mesmo porque eu vou entrar em detalhes a partir de agora. A primeira coisa que se nota no filme é a fotografia primorosa de Kubrick. O uso da câmera deslizando pelos corredores do hotel dando uma impressão de claustrofobia ao espectador já é o começo da relação com o que o cineasta nos quer passar.
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A história do homem atormentado pelo passado (um ato de violência contra o filho) que, usando-se de um hotel que ficará meses fechado devido ao inverno é apenas o começo de caminhos tortuosos a serem trilhados na alma humana.
Os principais personagens do filme são Jack e Danny. Ambos dividem o foco de todo o filme, descobrem os segredos do hotel de formas distintas e sabem que um é perigoso a existência do outro. Jack é manipulado pelo lugar que é uma mistura de grandes salões com corredores estreitos. Danny começa a tocar a alma do hotel e seus espíritos ao se deparar com os fantasmas das filhas de Grady, o zelador anterior que matou a família e se matou em seguida.
O próprio Delbert Grady, ou Jack assim pensa, aparece para ele como um servente no banheiro e manda Jack doutrinar sua família, da forma que ele havia feito com a sua. Reparem que a todo momento em que um espírito está em cena, algo vermelho também está, e não me refiro a lenços, mas sim paredes, roupas, móveis. Toda vez que há algo vermelho na tela, há um espírito em ação. Sabendo deste fato, começem a se perguntar sobre Jack.
Um segundo fato interessante é o uso de espelhos. Jack se dirige ao Gold Room do hotel e antes de chegar lá, se vê cercado por espelhos. Ele se senta no bar e olha para si no espelho, quando ele fala sobre o movimento, surge Loyd, o bartender. Logo que sai do local, a câmera passa pelo bar, e Loyd desapareceu.
Isso implica em dizer que Jack, a todo momento que conversa com alguém que não sua família dentro do hotel, em verdade, está falando consigo mesmo.
Já Danny e seu amigo invisível Tony, sabem da queda de Jack à loucura e avisam sua mãe da maneira que melhor souberam: REDRUM.
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Naquele momento, Jack já estava dominado pela loucura do hotel e a coitada da sua esposa tem que tentar fugir da morte certa nas mãos do marido ensandecido com um machado nas mãos. Quanto ao machado, eu volto daqui a pouco, antes, vamos rebobinar o filme.
As desconfianças de Wendy só pioram depois que Danny entra no quarto 237 e sai de lá com um hematoma no pescoço. Ela se tranca no quarto do casal com Danny enquanto Jack enlouquece. O hotel aos poucos entrou na mente de Wendy incitando ela a acusar Jack de algo que ele não fez, em razão do abuso passado. Com isso, a queda de Jack foi mais fácil.
Os poderes de Danny, chamados de “The Shining” pelo cozinheiro que tinha os mesmos poderes, conferem a ele o dom de ver o futuro e o passado e interagir com eles até certo limite. É esse dom que o protege do hotel, mas ao mesmo tempo, o trava em sincronia com seu pai quando este começa a ficar louco. A conversa que os dois tem logo antes da metade do filme sobre Jack machucar Danny é uma das melhores do filme pois mostra que Danny já sabe o que o espera nas mãos do pai.
Em verdade, o hotel é um quarto participante nesta história, indicando a insanidade a todos aqueles que ficam em suas dependências durante os meses de inverno, só que há mais do que isso. O Hotel é maligno por si só ou ele faz o pior de cada um vir a tona. As desconfianças de Wendy, a loucura que Jack desenvolveu devido ao vício no álcool e os poderes de Danny que, aparentemente é esquisofrênico e tem tendências a se auto mutilar.
Falando em mutilar, a arma que Jack usa é a mesma que Grady usou para matar sua família e ele já adianta o uso do machado quando fala de seu sonho para Wendy, confessando que sonhou ter matado os dois e picado em pedacinhos. E como as vezes os sonhos se tornam realidade…
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O terror psicológico que Kubrick quis criar teve uma harmonia perfeita com a história de King, que, querendo ou não, foi adaptada para as telonas com diversas modificações que Kubrick achava necessárias, especialmente aquelas referentes ao caráter de Jack e ao final do filme, que apesar de na essência ser igual ao do livro, tem várias diferenças, inclusive com a redenção de Jack que coloca Wendy e Danny dentro do carro e os manda fugir dali.
O final, eu gosto de deixar em aberto para que cada um tire suas próprias conclusões. É uma interpretação difícil, especialmente se verificarmos tudo o que eu falei e mais as diversas coisinhas escondidas no filme que acabam fazendo a cena final ser realmente um enígma.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=fRPylW3FSlU[/youtube]
Deixo a todos com mais esta dica do Cinema em Casa e recomendo a todos que assistam acompanhados se vocês forem pessoas que podem se surpreender facilmente, senão, vocês acabam ficando que nem o namorado de um amigo meu que, de tão impressionado, não andava sozinho pela casa nem que a vaca tossisse.
Semana que vem voltamos à nossa programação normal!
J.R. Dib
O filme de Kunrick é muito superior ao livro de King, o livro de King é massante em várias partes do livro,talvez essa seja a explicação, de porque King não gostou do filme, porque o filme é melhor que o seu livro.
*Kubrick
Jack Nicholson parece extrair o máximo de um personagem, quando este (coincidentemente) tem o nome de “Jack” (Jack Torrence, Jack Niper [“Joker”]…).
Um primor.
“Here’s come Daddy!”
Perdão: “Here’s Johnny!”
Eu gosto de ambos, filme e livro, mas concordo o filme nos prende mais. É tudo muito primoroso.
Depois deste breve relato fiquei com curiosidade de assistir o filme. Só depois vou poder opinar sobre o tema.
Diferenças significativas entre o filme e o livro:
*No filme>Wendy e Danny passeiam pelo gigantesco labirinto de arbustos.
*No livro>O jardim é formado por arbustos cortados no formato de animais, que acabam criando vida.
*No filme>Wendy interrompe Jack quando ele esta datilografando seu livro, deixando-o profundamente irritado
*No livro>essa cena não existe
*No filme>Jack vai até o quarto 237 para ver o que atacou Danny e descobre uma bela mulher na banheira.Quando a peladona se aproxima dele, acaba revelando-se um cadéver asqueroso.
*No livro>Jack não chega a se encontrar com a defunta no quarto 217( o nº do quarto tbm é diferente).
*No filme>Danny passeia de triciclo pelos corredores do hotel. Ao virar uma esquina, dá de cara com duas sinistras garotinhas, que le depois enxerga esquartejadas.
*No livro>Danny enxerga apenas manchas de sangue na parede
*No filme>Danny, em transe, escreve a palavra REDRUM na porta do quarto. Wendy acorda assustada e vê a palavra refletida no espelho: MURDER (“Assassinato”).
*No livro>É o próprio Danny que desvenda o mistério de REDRUM.
*No filme>Jack arrebenta a porta do banheiro com golpes de machado, tentando matar a esposa, mas ela revida com facadas na sua mão.
*No livro>Jack ataca a esposa com um taco de críquete e ela contra-ataca com lâminas de barbear.
*No filme>Wendy tem uma visão apavorante, enxergando um mar de snague saindo do elevador do hotel.
*No livro> O elevador apenas funciona sozinho, sem banho de sangue.
*No filme>O cozinheiro amigo Dick Hallorann chega ao hotel, mas é surpreendido por Jack insano, que o mata com uma machadada certeira bem no meio do peito.
*No livro> Hallorann sobrevive e salva Wendy e Danny no final feliz.
Depois de ver essa matéria, eu fui rever o filme de novo e não.não reli o livro de novo,pq ele é muito maçante uma vez só já basta,só que eu tinha uma revista antiga que tinha uma matéria de 2 páginas sobre as diferenças entre filme e livro d’O Iluminado.Aí está as principais na minha opinião.
Dá pra ver que as cenas mais clássicas do filme,como a da “enxurrada de sangue” do elevador,as gêmeas sinistras e o final “infeliz’ não tem no livro.