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Cinemateca Ambrosia: O Mágico de OZ

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A coluna Cinemateca Ambrosia começou falando de …E O Vento Levou, mas a saga de Scarlett O`Hara não foi a única obra-prima de Victor Fleming em 1939. No ano mais marcante da história do cinema, outra moça emocionou o mundo com sua jornada além do arco-íris, numa busca fantástica que nos ensinou que não há lugar como o nosso lar…

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Dorothy Gale vive com os tios e o cachorrinho Totó numa fazenda do Kansas. O tom sépia das cenas ali mostram como é a vida sem cor da menina, amedrontada pela ameaças da vizinha Miss Gulch, e sonhando com um mundo melhor, além do arco-íris, onde os problemas derretem como drops de limão e os sonhos que ousamos sonhar viram realidade.omagicodeoz2

Essa vida pacata é abalada por um ciclone que leva Dorothy e sua casa para além das nuvens, para um mundo lindamente colorido que encanta ao primeiro olhar. A menina está em OZ, na terra dos Munchkins, que celebram com música a destruição da bruxa má do leste, esmagada pela casa de Dorothy. Glinda, a bruxa boa do norte, explica à menina que para voltar para a casa, ela precisa seguir a estrada de tijolos amarelos e falar com o mágico de OZ na Cidade de Emeraldas, mas a conversa é interrompida pela chegada da terrível bruxa má do oeste, que promete se vingar pela morte da irmã e por Glinda ter dado os mágicos sapatos de rubi da falecida para Dorothy.

Passado o susto, a menina segue seu caminho, e numa bifurcação conhece um espantalho falante, que lamenta não ter um cérebro. A convite de Dorothy, ele segue com ela, pois o poderoso mágico pode ajudá-lo também. A caravana cresce com um homem de lata que quer ter um coração e um leão covarde, que precisa de coragem.

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Na louca Cidade das Esmeraldas, os amigos ficam sabendo que só terão seus desejos atendidos se vencerem a bruxa má do oeste, que encontra seu fim quando Dorothy tenta apagar a palha do espantalho, em chamas por maldade da bruxa.

De volta à cidade, eles ficam sabendo que o mágico é um charlatão, coincidentemente vindo do Kansas. Ele resolve os problemas dos amigos da melhor forma possível, e se oferece para levar Dorothy para casa de balão, mas ela acaba perdendo a carona, e é Glinda quem volta a ajudá-la, revelando que ela sempre teve o poder de retornar, mas precisava aprender o verdadeiro valor de um lar, afinal, não há lugar como nossa casa!

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Em 1937, Walt Disney provou ao mundo que livros infantis poderiam resultar em filmes de sucesso com Branca de Neve e os Sete Anões. A MGM, então o maior estúdio da época, resolveu apostar no filão comprando os direitos para  The Wonderful Wizard of OZ, da série de livros de L.Frank Baum.

No livro, Oz é um lugar real (e não um sonho, como o filme faz parecer), paraomagicodeoz5 onde Dorothy vai algumas vezes, enfrentando diversos perigos. Para respeitar o orçamento e as limitações dos efeitos especiais, muitas situações foram cortadas, embora algumas falas tenham sido tiradas diretamente do texto.

Após várias revisões, o roteiro foi finalizado em Outubro de 1938, e começou a pré-produção.

Uma menina cantora

Vinda de uma família de artistas, Frances Gumm se apresentava com as irmãs desde os dois anos de idade. Em 1935, já utilizando o nome Judy Garland, ela foi contratada pela MGM, e com sua aparência de boa moça e 13 anos de idade, era muito velha para ser uma estrela infantil e muito nova para papéis adultos. Algum sucesso veio com a série de filmes em parceria com Mickey Rooney, mas Judy se sentia um patinho feio em meio às colegas de profissão Elizabeth Taylor, Lana Turner e Ava Gardner.

Quando chegou a hora de produzir O Mágico de OZ, o estúdio considerou pedir empretada à FOX a estrela mirim Shirley Temple, para interpretar a protagonitsa de 12 anos. Mas o papel acabou com Judy, então com 16, que foi obrigada a usar um corpete especial para dissimular suas curvas e parecer mais nova.

Contudo, OZ era um musical, e independente de não ser a mais bela ou a melhor atriz do estúdio, Judy era com certeza uma das melhores cantoras, e com a trilha sonora inesquecível, entrou para a história e mais do que uma estrela, virou ícone.

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Filmagens

As filmagens começaram em Outubro de 1938, mas em duas semanas tiveram que parar por que Buddy Ebsen, que faria o homem de lata, sofreu uma intoxicação pela maquiagem que alumínio que tinha que usar. Com a pausa, o produtor Mervyn LeRoy decidiu que o diretor Richard Thorpe não estava fazendo um bom trabalho, e ele foi substituído por George Cukor.

Cukor reprovou a maquiagem de Garland, que usava uma peruca loira e pintura em estilo boneca. Assim, todas as cenas tiveram que ser refeitas, mas o diretor já estava comprometido com …E O Vento Levou, e foi substituído por Victor Fleming. Curiosamente, quando Cukor foi dispensado do épico sulista, foi Fleming quem assumiu a direção, terminando por assinar os dois maiores clássicos da história do cinema.

Graças às luzes necessárias para capturar as cores vibrantes do filme, o estúdio era de um calor insuportável, e os atores tinham que chegar lá de madrugada para se vestir e maquiar, sem poder comer nada durante o dia, para evitar a ingestão dos materiais tóxicos da caracterização. Os anões que interpretaram os Munchkins supostamente se comportavam com rebeldia e diversos acidentes com os efeitos especiais fizeram do trabalho um verdadeiro inferno.

As cenas no Kansas foram as últimas  a ser filmadas, e a pós produção se iniciou, com edições, refilmagens e exibições-teste, até que o filme foi lançado em Agosto de 1939.

Ícone

Apesar do grande sucesso, o filme não lucrou o esperado, até pelo seu altoomagicodeoz7 custo. O reconhecimento veio com as indicações ao Oscar e a aclamação da trilha sonora.

Os relançamentos ajudaram a manter a história viva na mente das pessoas, mas foi em 1956 que ele chegou à TV. Quando passou a ser exibido anualmente, nasceu a tradição de reunir a família para ver o filme, que foi reconhecido como o filme familiar número 1 da América.

Não demorou muito para que os inúmeros relançamentos nos cinemas, em VHS, DVD e agora Blu-Ray fossem seguidos de livros, CDs, bonecos, estatuetas e caixas de música.

omagicodeoz7Em 1978, até o rei do pop Michael Jackson entrou nessa história, ao interpretar o espantalho na versão black music do filme, The Wiz. E a relação da comunidade gay com o filme é incrível, com a bandeira do arco-íris (que representa a diversidade) sendo supostamente inspirada pela música Somewhere Over the Rainbow, e com a identificação com a adolescente insatisfeita que encontra um mundo de cores e loucuras.

Hoje, a história da menina com sapatos de rubi tem seu lugar garantido na história do cinema e nos corações das pessoas, talvez por provar que muitas vezes, o que mais desejamos já estava ao nosso alcance, e que nenhum lugar é tão especial quanto aquele onde vivemos…

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