Os filmes de Guillermo del Toro são sempre hábeis no equilíbrio entre a sua sanha autoral e as necessidades comerciais da indústria da qual acaba fazendo parte. Existe nesse ínterim sua fixação fabular pela megalomania dos monstros e a vulnerabilidade (ou não) da inocência. Daí surgiram preciosidades como seu “O Labirinto do Fauno” e “Blade, O Caçador de Vampiros 2″. Em “Círculo de Fogo”, seu novo e barulhento longa isso ainda fico claro, mas Del Toro derrapa um pouco na própria busca por esse equilíbrio.
O filme começa com um breve resumo de acontecimentos. Os Kaiju, monstros que rementem à Godzilla, saindo de uma fenda dimensional na região do oceano que dá nome ao longa, começam a invadir diversas cidades do planetas e espalhar o caos geral. É o apocalipse chegando, até que a raça humana resolve construir os chamados Jaegers, robôs colossais controlados por pessoas via conexão neural para formar uma resistência frente a ameça Kaiju. O problema é que, uma só cabeça não consegue suportar a força cerebral necessária para pilotar um grandalhão, sendo necessário duas pessoas para utilizar um Jaeger. Assim, acontece o desenrolar da trama, na qual os heróis principais vão precisar superar seus medos internos e aprender a trabalhar em equipe para salvar o dia.
A estrutura narrativa é todinha montada em cima dos mais velhos clichês do gênero. O que desvia do cansaço é a sacada de justificar seus robôs pela condição de humanos em sua condução. Isso nivela até a metaforização do discurso em si. Mas é aquilo: quando procura estimular essa sua autoprovocação, o filme funciona de maneira até emocionante (destaque para a cena incrível da infância traumática da ótima Rinko Kikuchi, de “Babel”, uma exceção em meio a um elenco principal apático, ainda que conte com o sempre vigoroso Idris Elba). Entretanto, nas cansativas 2 horas e 10 de filme, sobressai-se mais a fraqueza de Del Toro diante do ônus de ser Hollywood.
[xrr rating=2.5/5]
Renan, não posso deixar de concordar com a otima cena do trauma de infancia….