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Clássicos Cinemark: Casablanca (1942)

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Em dezembro de 2014, foi uma emoção ver Casablanca de volta às manchetes do mundo todo. O motivo foi o icônico piano da famosa cena em que a inesquecível canção “As Time Goes By” é tocada. Aquele piano diminuto foi vendido em leilão pelo valor de 3,4 milhões de dólares. Em 1942, claro, estavam todos muito mais preocupados com a guerra do que com um piano ou com a trajetória de um casal qualquer que tenta escapar da Europa. Mas o filme veio, engoliu e embriagou as platéias e se mantém, há mais de 70 anos, como uma obra-prima.

O enredo do filme pode ser deixado em segundo plano graças a outros tantos elementos icônicos, mas sua genialidade confusa e convulsiva merece ser reconhecida. Ora, é o tempo da Segunda Guerra Mundial e na Europa há apenas uma rota de fuga: viajar para Portugal, país neutro, e de lá para os Estados Unidos. O militante Victor Lazslo (Paul Henreid) e a esposa Ilsa Lund Lazslo (Ingrid Bergman) estão em Casablanca, capital do Marrocos, na África, e precisam de um salvo-conduto, um visto para embarcarem para Portugal. O destino quis que Ugarte (Peter Lorre) escondesse os vistos antes de morrer no piano do bar de Rick Blaine (Humphrey Bogart), que no passado namorou Ilsa. Rick tem os vistos. Nazistas, forças da resistência, Ilsa e Victor os querem.

Todos os atores, protagonistas e coadjuvantes, estão no ápice de suas carreiras. O elenco é uma salada mista de intérpretes do mundo todo, inclusive com vários extras judeus que fugiram da Europa em guerra. Conrad Veidt, que interpretou nazistas e vilões em muitas produções, era ele próprio um fugitivo do governo de Hitler e casado com uma judia. E é de fato nos pequenos papéis que estão as grandes histórias: Claude Rains, como o capitão Renault, tem uma das personalidades mais fantásticas que um personagem pode ter; Curt Bois, o batedor de carteiras, teve uma carreira que durou 80 anos, mas foi uma cena neste filme que o imortalizou; e Dooley Wilson, o pianista Sam, na verdade não sabia tocar nada no piano…

As honras de Casablanca são muitas: Oscar de Melhor Filme, Roteiro e Diretor em 1943 e eleito pelo American Film Institute o segundo melhor filme de todos os tempos em 1998 (e o terceiro na lista revisada de 2007), há ainda a música inesquecível e meia dúzia de frases memoráveis (“Here’s looking at you, kid” / “Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship”), repetidas à exaustão e inclusive parodiadas. Aliás, quem não se lembra de Harry e Sally discutindo o final de “Casablanca” no adorável filme romântico de 1989?

Quem vê Casablanca não se esquece da química arrepiante de Bergman e Bogart, dos sobretudos pesados e elegantes que viraram moda na época, da fotografia magistral em preto e branco, da cena em que os nazistas são calados pela Marselhesa (minha cena favorita do filme, e quiçá de toda a história do cinema), das luzes e sombras expressionistas que assombram aquele ponto neutro em meio ao conflito, do final emblemático…

Todas as palavras do mundo não são suficientes para descrever Casablanca. Feito em um momento crucial, da entrada dos EUA na Segunda Guerra, conseguiu ser muito mais que um filme de propaganda. Ele frisou a pequenez de cada pessoa na Terra, e ao mesmo tempo fez cada um de nós importarmo-nos com o destino de um triângulo amoroso em meio à guerra. É belo, é tocante, é inesquecível.

“Casablanca” (1942) é a atração de 24, 25 e 28 de janeiro nas salas Cinemark

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