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“Conspiração Americana” mostra que a Lei nem sempre está ao lado da Justiça

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Abraham Lincoln é talvez,  junto de George Washington e John F. Kennedy, o presidente mais icônico dos EUA. Sua vida já foi tema de vários livros e filmes e sua figura ainda desperta a atenção de várias pessoas pelo mundo. Talvez, por isso, Hollywood volta e meia realize produções sobre ele, vide os próximos lançamentos “Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros”, baseado no  livro de Seth Grahame-Smith, e “Lincoln”, de Steven Spielberg e estrelado por Daniel Day-Lewis. O que nos leva a “Conspiração Americana” (The Conspirator), dirigido por Robert Redford, em 2010.

A trama se passa em 1865, logo após a Guerra de Secessão. Enquanto assistia a uma peça num teatro, Lincoln foi morto pelo ator John Wilkes Booth, que alegava vingar o Sul do país, derrotado no conflito. Logo em seguida, começou uma grande perseguição ao assassino e a seus possíveis comparsas, que culminou com a morte de Booth e a prisão de vários suspeitos de conspiração. Com uma montagem ágil, o filme mostra a ação das autoridades em poucos minutos para depois se concentrar no drama vivido por Mary Surrat (vivida pela ex-Sra. Sean Penn, Robin Wright, ainda bela, mesmo mostrando seu envelhecimento). Dona de uma pensão, onde se reunia o grupo de Booth para tramar seus planos contra o governo de Lincoln, ela foi a única mulher detida junto com os outros suspeitos e, assim como eles, foi acusada de conspiração e poderia ser morta por enforcamento.

Como os americanos estavam loucos para vingar a morte de seu presidente, Mary Surrat não teve muita gente a seu lado, nem mesmo o seu advogado Frederick Aiken (interpretado por James McAvoy, de “O Procurado” e “X-Men: Primeira Classe”, muio bem no papel). Herói de guerra, Aiken inicialmente não acredita na inocência alegada por sua cliente. Mas, com o desenrolar da investigação, ele começa a mudar de opinião e tenta, de todas as maneiras, descobrir a verdade e salvá-la da forca, já que um dos verdadeiros culpados é o filho de Mary, John Surrat (Johnny Simmons), que está foragido.

O problema é que ninguém queria que Mary Surrat fosse inocentada, o que faz com que seu julgamento seja uma mera formalidade para as autoridades, que estão doidas para executar todos os acusados, sem direito a uma verdadeira defesa. Aiken acaba incomodando os poderosos da época, incluindo pessoas que ele admirava, como o secretário de Guerra Edwin Stanton (Kevin Kline, de “Tempestade de Gelo”), mas não desiste de conseguir o seu objetivo, mesmo quando algumas pessoas lhe viram as costas e é abandonado pela sua namorada, Sarah Weston (Alexis Bledel, de “Sin City”). O curioso no filme é que ele mostra que a relação entre Frederick Aiken e Mary Surrat, aos poucos, deixa de ser entre advogado e cliente e passa a ser de mãe e filho, reforçado inclusive por alguns diálogos ditos pelos atores na produção.

Com um ótimo elenco nas mãos, que conta ainda com Tom Wilkinson, Justin Long e Danny Huston, Robert Redford faz um bom trabalho como diretor, colocando o público em dúvida se Mary Surrat é culpada ou não de conspirar contra o governo americano. Uma das melhores cenas de “Conspiração Americana” é quando Aiken convoca a filha de sua cliente, Anna Surrat (Evan Rachel Wood, de “Aos Treze”) para testemunhar a favor de sua mãe, mas não pode vê-la no tribunal porque um grupo de soldados fica entre as duas. O desespero das duas personagens foi bem conduzido pelo cineasta, que reforçou o talento das duas atrizes. O filme também faz o espectador refletir sobre o que é mais importante: cumprir a lei ou satisfazer o povo com a vingança em casos que causam comoção? Isso é algo que pode ser visto ainda hoje e aqui mesmo, no Brasil.

[xrr rating=3.5/5]

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