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Crítica: Anjos da Lei 2 – Sem a graça do anterior, é apenas um caça-níquel

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“Anjos da Lei”, ou “21st Jump Street” no original, era uma série da Fox criada por Patrick Hasburgh e Peter J. Cannell que foi ao ar na TV americana entre 1987 e 1991, com 103 episódios no total. Ficou conhecida por ter sido estrelada por um juvenil Johnny Depp, e outras futuras estrelas hollywoodianas também fizeram participações, como Jada Pinkett Smith, Josh Brolin e até Brad Pitt atuou um episódio. Em 2012, estreou a versão cinematográfica estrelada por Jonah Hill e Channing Tatum, dirigida por Phil Lord e Christopher Miller.
Na verdade, o filme não era uma transposição fidedigna para as telas do seriado. A ideia de policiais disfarçados investigando o tráfico de drogas entre jovens no âmbito escolar foi mantida, mas ao contrário da versão televisiva não se tratava de uma equipe, e sim de uma dupla, levemente inspirada na dobradinha do oficial Hanson, interpretado por Depp  com o oficial Penhall, interpretado por Peter Deluise. Aproveitaram esse arco da série e extraíram uma trama no melhor estilo dois policiais de gênios diferentes que são designados para trabalhar juntos, gênero que nos anos 80 rendeu bons momentos como “Máquina Mortífera” e “Inferno Vermelho”. Além disso, havia um tom humorístico bem mais acentuado do que no original.
Apesar da liberdade criativa em relação à matriz, o resultado foi satisfatório, uma comédia de ação policial com boas piadas em um espírito de “Um Tira da Pesada”, e o reconhecimento se deu nas bilheterias. Foi a grande surpresa em março de 2012, com 36 milhões de dólares arrecadados somente no primeiro fim de semana de exibição e 138 milhões faturados no total, enquanto a grande aposta da temporada, “John Carter” da Disney, naufragava a olhos vistos. Como sucessos não costumam passar impunemente por Hollywood, uma continuação foi solicitada.
“Anjos da Lei 2” (“22 Jump Street”, EUA/2014), que chega aos cinemas nacionais nesta quinta-feira, mostra os oficiais Schmitt (Hill) e Jenko (Tatum) sendo designados para desta vez agirem disfarçados em uma universidade e desvendar o mistério do assassinato de uma jovem negra que ali estudava. Porém, ao se infiltrarem nos corredores da faculdade se passando por estudantes, o nerd Schmitt naturalmente se enturma com os estudantes interessados em artes enquanto Jenko, desportista popular nos tempos de high school, rapidamente é aceito pelos atletas, os alvos das investigações, o que estremecerá a parceria dos dois.
Infelizmente, ‘Anjos 2’, dirigido pela mesma dupla do anterior, cai na mesma armadilha das continuações desnecessárias. Sem muito o que contar e sem o charme do anterior, temos apenas situações clichê de filmes policiais, uma ou outra boa sequência de ação, sendo que a primeira lembra muito a sequência inicial de ‘Um Tira da Pesada’. Se no filme anterior predominavam as boas piadas entrecortadas por uma ou outra não tão feliz, aqui ocorre exatamente o inverso. Dentre as poucas boas estão as dos créditos finais, que brinca com o excesso de exploração das franquias na cultura pop rendendo continuações mil e todo o tipo de derivados imagináveis, e no meio ainda coube uma homenagem à série original.
Com a ausência de graça e a inconsistência do roteiro de Michael Bacall, Oren Uziel (que também assinaram o script do anterior) e Rodney Rothman, fica durante a exibição aquele gosto amargo de caça-níquel para estabelecer uma franquia cinematográfica e angariar mais alguns trocados. O desiderato parece ter sido atingido, pois o filme teve uma arrecadação ainda maior do que a do anterior.
É triste ver um filme divertido sendo manchado por uma continuação tão inferior, mas os estúdios não parecem ligar muito para isso.

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