Crítica: "Guardiões da Galáxia" mostra que a Marvel sabe como divertir e conquistar o público

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Quando a Marvel Studios anunciou que, após os sucessos dos filmes solo do Homem de FerroCapitão América e Thor (feitos para que fosse lançado “Os Vingadores”, com todos os heróis juntos), faria uma “Fase 2”, onde continuaria a contar histórias deste universo cinematográfico, todos ficaram empolgados. Assim, foram lançados “Homem de Ferro 3”, “Capitão América: O Soldado Invernal” e “Thor: O Mundo Sombrio”, que repetiram as boas performances nas bilheterias mundo afora dos  capítulos anteriores. Mas o que causou a maior surpresa foi o anúncio de “Guardiões da Galáxia” (“Guardians of The Galaxy”), um grupo de mercenários espaciais pouco conhecido do grande público. A Marvel realmente se arriscou ao produzir um longa com personagens que não eram do alto escalão da Casa das Ideias. Porém, provou que sabe o que está fazendo e entregou um filme redondinho, muito divertido e que conta com diversas qualidades para conquistar de vez o grande público.
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A história mostra como Peter Quill (Chris Pratt) foi abduzido ainda criança, logo após a morte da mãe, e viveu os anos seguintes no espaço como um aventureiro. Ele até adotou o nome de Senhor das Estrelas (que não é muito respeitado por outros alienígenas) e tudo ia bem para ele até o dia em que rouba um Orbe, objeto que interessa a várias pessoas, entre elas Ronan, o Acusador (Lee Pace). Ele pretende usá-lo para realizar seus planos que ameaçam a paz no universo. Perseguido, Quill acaba se aliando ao guaxinim alterado geneticamente Rocky Racoon (no original Rocket Racoon, dublado por Bradley Cooper), seu amigo Groot, um ser que lembra uma árvore, tem poderes de mudar de forma e se regenerar e que ganha a voz de Vin Diesel, além de Drax (Dave Bautista), um alienígena super forte, que procura se vingar da morte de sua família. Ao grupo, junta-se Gamora (Zoe Saldana), filha adotiva de Thanos (interpretado por Josh Brolin) e excelente guerreira, que também está de olho na misteriosa esfera. Juntos, os cinco integrantes da equipe tentam descobrir o que há por trás do Orbe, ao mesmo tempo em que lutam para impedir que Ronan consiga os seus objetivos.
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A principal qualidade de “Guardiões da Galáxia” está na maneira que o diretor James Gunn, junto com a roteirista Nicole Perlman, encontrou para apresentar e desenvolver personagens. Recheado de referências pop, especialmente pela ótima trilha sonora composta só por sucessos dos anos 80, que Peter ouve constantemente numa fita cassete tanto em sua nave quanto no Walkman que carrega na cintura (e que se tornam uma das únicas coisas que o fazem lembrar que ele é um terráqueo, além de bonequinhos que fazem parte de sua decoração). Além disso, há cenas que lembram, e muito, clássicos como os filmes da série “Indiana Jones” e “De Volta Para o Futuro”, o que deixa a produção ainda mais divertida. Outro acerto é que o divertido roteiro dá espaço para todos os personagens principais se destacarem, fortalecendo ainda mais o seu carisma, e fazendo o espectador realmente se importar com os seus destinos. Algo que estava em falta nos filmes de ação e aventura dos últimos tempos.
Gunn, cujos trabalhos mais conhecidos até agora eram os roteiros de “Madrugada dos Mortos” e “Scooby-Doo 1 e 2″,consegue a proeza de não se intimidar com a grandiosidade da produção ou dos efeitos especiais e prefere se concentrar em dar humanidade a seus protagonistas, mesmo Rocky e Groot, que demonstram uma verdadeira empatia um pelo outro e isso é mesmo louvável, numa dinâmica semelhante à vista na primeira trilogia de “Star Wars”.
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No elenco, todos os cinco “Guardiões da Galáxia” estão ótimos em seus papéis. Chris Pratt teve aqui a sua grande chance de se tornar um astro e não desperdiçou a oportunidade. Com muito bom humor e carisma, o ator conseguiu transmitir as emoções necessárias tanto nas cenas cômicas (que são ótimas) e também nas mais dramáticas, especialmente quando discursa para levantar a moral de seus companheiros num momento do filme. Zoe Saldana, já conhecida pelos fãs de ficção científica por seus papéis em “Avatar” e “Star Trek”, dá o tom certo para a sua destemida Gamora e mostra química com Pratt. Dave Bautista não compromete como Drax, já que seu papel é mais físico do que os outros, embora se saia bem quando lamenta por ter perdido sua família de maneira trágica. Mas os mais memoráveis são mesmo Bradley Cooper e Vin Diesel. Embora vivam personagens virtuais, os dois atores têm aqui suas melhores interpretações em muito tempo e são os principais responsáveis para que Rocky e Groot funcionassem na tela. Especialmente Diesel, que embora diga somente uma frase o filme todo, consegue criar a simpatia necessária para que seu “homem-árvore” se torne até divertido e essencial para todos. No entanto, é uma pena que atores como Benicio Del Toro, Glenn Close, Djimon Hounsou e John C. Reilly tenham pouco a fazer com seus papéis e parece que fazem quase pontas de luxo no filme. Já Lee Pace faz um bom vilão como Ronan, embora em alguns momentos quase cai na caricatura, o que é comum nos inimigos dos heróis da Marvel.
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Com um design de produção muito interessante (repare, por exemplo, na nave de Ronan, o Acusador), “Guardiões da Galáxia” é a prova definitiva que a Marvel Studios não quer mesmo brincar em serviço e deseja se manter firme e forte na adaptação de seus quadrinhos para o cinema. O filme vai deixar, com certeza, o Senhor das Estrelas e sua equipe extremamente populares nos próximos anos, além de preparar terreno para “Os Vingadores: A Era de Ultron”, que encerra a Fase 2 em 2015. Como é de costume, não saia do cinema antes do fim dos créditos, pois há duas cenas extras que valem a pena serem conferidas, tão divertidas quanto o resto do longa.

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