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Crítica: Malévola se ilude em seu próprio conto de fadas

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Se você quiser assistir ao esperado filme Malévola e sair satisfeito, limite-se a assistir os ótimos trailers dessa superprodução da Disney. Eles são mais completos e suficientemente belos do que o próprio filme em si.

Na onda do recente (e lucrativo) fenômeno de reinvenções dos contos de fadas pela sagaz indústria Hollywoodiana, trata-se de um produto calculado e calculista para receitas seguras. A lógica por trás assegurou a contratação da mesma roteirista de O Rei Leão e Alice no País das Maravilhas, Linda Woolverton (com auxílio de mais 9 roteiristas), assim como colocou nas mãos do especialista em design de produção, o estreante na direção, Robert Stromberg, a condução do longa. Só que nem só de lógica vive o resultado artístico de um filme, e o resultado é muito aquém da pretensão.

A trama tem até um bom ponto de partida: colocar sua narrativa sob o prisma e as justificativas da vilã. Malévola era uma fada boa que habitava o reino de Moors quando conhece um humano pelo qual cria uma relação de anos, se apaixona, mas é traída em troca de uma coroa. Desde então, se torna um ser vingativo e ainda mais poderoso. Sua maldade encontra vulnerabilidade quando passa a nutrir sentimentos pela filha do rei, Aurora.

Visualmente bem acabado, Malévola só é bem compreendido pela incorporação de Angelina Jolie, para o qual o papel foi pertinentemente escrito. Fora isso o filme é um equívoco total, inconsequentemente preso a uma forma, a uma ideia, a uma estetização.

O roteiro tem furos e incongruências bem claras (por que Malévola já era o nome da fada quando boa? Qual a curva dramática do tal rei, que nunca fica clara?) e a direção estreante parece estar a serviço de um design e não de uma história propriamente, tanto que mesmo com uma duração até pequena, o filme tem claros problemas de ritmo e, principalmente, de sentido dramático.
Sabe-se que esse projeto chegou a passar pelas mãos de Tim Burton, que se apropriaria muito mais efetivamente do viés sombrio da proposta, e até David O. Russell, um nome, no mínimo, curioso para o gênero. Sob a direção de Stromberg, vira um conto de fadas bem esquizofrênico.

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2 Comentários

  • O filme realmente é uma receita segura, mas possui pontos bons. Como a mudança na estilística da personagem Malévola, dando um design diferente e não usual ao que se entende por fada, atingindo a figura do dualismo bem-mal que se possa ter com a imagem de tal personagem, bem como do reino dela. Além do longa não contar com um protagonismo masculino até mesmo na questão do mito do amor verdadeiro, reverberando uma ideia leve de misandria (sejamos maduros e não olhemos misandria como a simples definição enciclopedística). Coisas que antes víamos em animações como Valente e Frozen.

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