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Dredd 3D

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Logo que os projetos de filmagem de alguns filmes são trazidos à tona, especialmente aqueles baseados em outras mídias como livros ou quadrinhos, a primeira reação dos fãs é revirar os olhos pensando no pior. Assim que as notícias da contratação de diretor, roteirista e elenco sai é que começam as enxurradas de críticas e palpites. Todo mundo se torna um editor palpiteiro.

Quando começaram a aparecer as primeiras imagens oficiais das filmagens de Dredd, logo as comparações com aquele filme hediondo com Sylvester Stalonne nos anos 90 começaram. Ó povo incrédulo e sem fé. É sempre fácil criticar sem ter qualquer base do que simplesmente esperar para ver. E foi assim que se passaram meses e meses, até que o filme foi lançado nos cinemas, sem muito alarde. E após assistir, eu lhes digo: É pura violência estilizada e diversão.

Para aqueles que leem o site, eu escrevi há algumas semanas a resenha de “The Raid: Redemption”, um filme da Indonésia sobre um grupo de operações táticas que tem de invadir um prédio para prender alguns traficantes. Dredd segue a mesma premissa, mas só que no futuro e com a mesma dose de violência estilizada. Para centrar o espectador na história, o filme basicamente resume tudo de forma simples em seus primeiros minutos.

No futuro, a Terra passou por uma série de guerras que criaram paisagens radioativas pelo planeta. Os humanos que sobreviveram se aglomeraram em grandes metrópoles denominadas de Mega Cities. A do filme se chama Mega City 1 e nela a lei é imposta pelos juízes, que são basicamente policiais com poderes de prender, julgar, condenar e executar bandidos conforme sua discrição. Dredd (Karl Urban, o Dr. McCoy de Jornada nas Estrelas) é apenas um entre alguns milhares que tem de cuidar de uma cidade com milhões e milhões de almas.

No filme, Dredd é colocado para avaliar a novata Cassandra Anderson (Olivia Thirlby, de Juno), cujos poderes mentais podem ser de grande ajuda para os juízes. Dredd e Anderson vão então a uma das torres da cidade para investigar um triplo homicídio e são encurralados pela gangue de Ma-Ma (Lena Headey, a Rainha Cersei de Guerra dos Tronos), uma ex-prostituta que lidera o tráfico de drogas naquele local. A partir daí: violência, tiros e algumas ótimas surpresas no decorrer dos pouco mais de 100 minutos de filme.

A grande sacada do filme foi criar uma razão para cenas em câmera lenta: a droga Slow-Mo (sacaram o sarcasmo?). Os usuários desta droga começam a ver tudo no mundo a 1% da velocidade normal e ficam doidões. É a desculpa perfeita para mostrar em detalhes cenas em mega slow motion, inclusive durante tiroteios. Ainda assim, a primeira cena que vemos, com Ma-Ma dentro de uma banheira e puxando seus braços para fora da água, com as gotas voando a sua volta é linda e bem desenvolvida.

O interessante do filme é que a premissa é igual à de The Raid: Redemption, só que se passando no futuro distópico, com juízes no lugar de uma equipe da SWAT – e com muito mais tiros e menos pancadaria. Ambos os filmes foram feitos na mesma época, então é difícil dizer que há qualquer possibilidade de cópias ou plágio, mas sim, de dois estilos de cinema totalmente diferentes, contando histórias com muita ação e algumas ótimas sacadas.

Dredd provavelmente vai agradar seu público-alvo, e tendo um orçamento tão baixo, fatalmente irá ganhar continuações. Karl Urban e Olivia Thirlby têm uma química muito boa, mesmo com a fachada sisuda de Dredd que, graças a todos os santos, não retira o capacete em momento algum (mantendo a analogia com a justiça sem rosto/cega).

Na parte técnica, tanto imagem quanto som são de primeira qualidade, especialmente o 3D. Boa parte do filme foi gravado usando as câmeras RED, as mesmas usadas na gravação de “O Hobbit” e o 3D é muito simples e não dói a vista. Há algumas cenas em que houve pós-conversão e se percebe isso pelo plano extra forçado perante a imagem, mas passam rápido e até que acabam parecendo boas.

A direção de arte criou ambientes externos misturando efeitos com as locações na África do Sul – que lembram um pouco a Los Angeles de Blade Runner e Washington de Minority Reports (Phillip K. Dick ia adorar). As cenas dentro do prédio mostram um cuidado especial em criar corredores que não criassem uma claustrofobia, permitindo manobras e correria de uma forma mais líquida.

A direção e edição foram bem feitas, mesmo após todas as brigas entre diretor, roteirista e produtores. Houveram inclusive boatos sobre o roteirista ter dirigiu o filme em nome do diretor, que só não foi retirado por razões legais. Com cortes de câmera simples e práticos, o filme foi burocrático em alguns momentos que poderia ter sido um pouco mais ousado mas, vendo pelo lado de uma produção conturbada, isso até que parece normal.

Um último detalhe a se notar são os diálogos. Alguns cheios de clichês, especialmente os de Dredd, porém, se analisarmos, quem criou grande parte desses clichês foram seus quadrinhos, portanto, a licença poética é plena.

Aguardo ansiosamente por uma ou mais continuações.

[xrr rating=4/5]

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