Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes coloca o espectador na mesa de RPG

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Durante anos o nome Dungeons & Dragons era evitado com toda a repulsa nos corredores dos estúdios de Hollywood. Tudo por causa do fracasso retumbante da primeira tentativa de se adaptar o famoso jogo de RPG em 2000. O filme virou uma daquelas referências no mau sentido (junto com “Batman & Robin”, “Spawn”, “Fantasma”) e, embora viessem notícias de tempos em tempos de uma nova adaptação, eram sempre rebatidas com o aviso de alarme falso. Enquanto isso, fãs brasileiros sonhavam com uma adaptação da série animada que no original levava o mesmo nome do jogo, mas que não era lá muito popular no estrangeiro.

Eis que chega “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” (o título original, ‘Honra Entre Ladrões’, era mais preciso e adequado) com toda a pompa de adaptação definitiva e com fome de se tornar franquia. Na trama, o ex-harpista chamado Edgin Darvis (Chris Pine) e sua cúmplice Holga Kilgore (Michelle Rodriguez) estão presos por dois anos. Após a fuga, eles descobrem que seu antigo aliado, Forge Fitzwilliam (Hugh Grant), tornou-se o Senhor de Neverwinter.

Em um esforço para limpar seus nomes e reviver a esposa de Edgen, eles planejam roubar um artefato valioso do cofre de Forge. Eles recrutam a ajuda de Simon Aumar (Justice Smith) e Doric (Sophia Lillis) e, juntos, embarcam em uma perigosa jornada para recuperar uma poderosa relíquia. No entanto, logo descobrem que estão sendo perseguidos por inimigos perigosos, incluindo uma Maga Vermelha chamada Sofina, que não vai poupar esforços (nem magia) para detê-los.

O intuito de D&D é justamente colocar o espectador na mesa de RPG. Pela sinopse fica claro que as regras e nuances do jogo foram respeitadas. Para os jogadores é um verdadeiro deleite, pois os cineastas John Francis Daley e Jonathan Goldstein (“Homem-Aranha: De Volta ao Lar”), que também assinam o roteiro, tiveram o cuidado de colocar até as decisões absurdas tomadas durante a partida e as besteiras que algum participante pode vir a fazer.

No entanto, para quem não está tão familiarizado assim com as nuances desses desafios do Role-Playing Game (jogo de interpretação, na tradução literal), Dungeons & Dragons pode parecer uma aventura fantástica medieval genérica, com personagens e desafios já vistos à exaustão e em alguns casos mais bem feitos, como na saga O Senhor dos Anéis. Ocorre que justamente por essa adaptação vir posteriormente aos longas de Peter Jackson baseados na obra de Tolkien – que serviu de inspiração primordial para os RPGs – e títulos que beberam nessa fonte, a produção ficou empalidecida.

Se “Honra Entre Rebeldes” acerta na aventura e na homenagem ao universo D&D (inclusive com um belo easter-egg à série animada, que faz os espectadores brasileiros pularem da poltrona), peca justamente em tentar atribuir robustez à trama com dramas humanos. Nesse ponto falta estofo ao roteiro.

Chris Pine com sua adorável canastrice dão o tom certo ao bardo Edgin Darvis e Hugh Grant confere carisma ao vilão trapaceiro Forge, muito bem desenhado, por sinal. Justice Smith como o mago atrapalhado Simon e Sophia Lillis vivendo a druida Doric desempenham seus papéis muito satisfatoriamente, assim como Michelle Rodriguez, convincente na pele da casca-grossa e leal Holga.

“Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” vem com a missão de, não só trazer uma bem-sucedida adaptação do jogo como tentar emplacar uma franquia. São boas as chances, e espera-se que no próximo filme, que certamente virá, não tenham a vergonha de focar apenas na aventura e no carisma dos personagens, sem questões familiares envolvidas. Como uma boa sessão da tarde deve ser.

Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
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Nota: 6/10 - Bom
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