AcervoCríticasFilmes

“Dunkirk” e o impacto de já ser um dos melhores filmes da década

Compartilhe
Compartilhe

O impacto causado por Dunkirk ao fim da sessão (de preferência numa tela de ótima qualidade) é tão vasto de representações que só isso já o gabarita como o melhor filme do ano (até aqui) e um dos melhores da década. Reitero, estamos falando de impacto, não apenas de entusiasmo. Christopher Nolan disse que seu longa não é um “filme de guerra”, mas um drama de sobrevivência. Ele tem razão. Seu filme foge dos clichês emblemáticos do subgênero em si.

Nolan pouco contextualiza razões. Está bem mais interessado nos instintos de sobrevivência diante da falta dela. Entre o final de maio e começo de junho de 1940, o exército de Hitler invadiu violentamente a França. Com isso, forças britânicas e algumas bases aliadas se viram acuadas na cidade portuária de Dunkirk, sob o risco de serem capturados pelo inimigo. Diante do risco, foi decidido colocar em prática a Operação Dínamo, em que 800 embarcações civis se juntaram a Marinha para ajudar a socorrer os militares. Em cerca de 10 dias, resgatou por volta de 340 mil militares britânicos, franceses e belgas.

Nolan mimetizou a complexidade dessa operação dividindo sua narrativa em três perspectivas: da terra pela iminência da sobrevivência, do ar pela conjuntura do caos, e do mar pela humanidade da honra cívica (“núcleo” todo muito comovente e lúcido). A construção dramática e narrativa é marcada pela trilha de Hans Zimmer (numa alusão ao tempo decorrendo no relógio), parceiro constante do diretor (e importante contribuição no filme anterior, Interestelar) e a deslumbrante fotografia de Hoyte Van Hoytema, adensando a dimensão factual num formato em 70mm, um diferencial absurdo nas imagens captadas.

Nolan é pretensioso, e isso é bom para seu cinema. Seu Dunkirk propõe ao espectador uma imersão perturbadora à claustrofobia psíquica que vemos na tela. Os recursos que usa e o resultado que consegue são espetaculares. Um trabalho de artesão na precisão dos efeitos sonoros. Tanto que o filme nem precisa de muitos diálogos. Nolan deixa para os olhares aturdidos de seus soldados, a maior parte do que a história precisa contar. Eis o impacto do fato real reverberado em sua transposição. É desse impacto que emana todo a sua perfeição como cinema.

Filme: Dunkirk (Idem)
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Fionn Whitehead, Harry Styles, Jack Lowden
Gênero: Guerra, Drama Biográfico
País: EUA, Reino Unido, França, Holanda
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Warner Bros
Duração: 1h 47min
Classificação: 14 anos

Compartilhe

Comente!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sugeridos
CríticasSéries

Bebê Rena: uma catarse em forma de minissérie

Cá estou eu de novo atrasada pro rolê. Foi só após o...

AstrosEsportesFilmesNotícias

“Futebol está ruim demais” para Selton Mello

Para o ator global Selton Mello, o futebol brasileiro parece estar em...

FilmesLançamentos

A Garota da Agulha, filme pré-selecionado para o Oscar, será lançado na MUBI

A Garota da Agulha, suspense dramático pré-selecionado da Dinamarca para o Oscar...

CríticasFilmes

Nosferatu faz ensaio sobre a xenofobia

Um dos pilares do expressionismo alemão, “Nosferatu” é a obra de F.W....

FilmesGamesNotícias

Sony anuncia filme live-action de Horizon Zero Dawn

Durante a conferência de imprensa da CES 2025, a Sony anunciou oficialmente...

FilmesPremiaçõesTV

Globo de Ouro e Oscar – qual a diferença?

Acontece hoje (5) em Los Angeles, Estados Unidos, às 22 horas (horário...

CríticasFilmes

“Encontro com o Ditador” e os dilemas da profissão jornalística

O Brasil continua na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional, mas...