Não é à toa que a música “Golden Years” do grande David Bowie, pontua a história do novo filme de Noah Baumbach, (depois de sua grande obra desse tempo, o obrigatório Frances Ha), Enquanto Somos Jovens.
Faz muito sentido que versos como “Não me deixe ouvir dizer que a vida não está te levando para lugar nenhum, baby…” ilustrem a inquietação geracional do roteiro (também do diretor) que acompanha a história do casal Cornelia (Naomi Watts) e Josh Srebnick (Ben Stiller), que moram em Nova York, não têm filhos e, além disso, estão entendiados e cansados de viver na mesma. Até que o modo de viver dos dois muda completamente a partir do momento em que conhecem e se tornam amigos de outro casal 20 anos mais novos, Jamie (Adam Driver) e Darby (Amanda Seyfried).
Esse paralelismo de gerações nem é por assim dizer, uma novidade, mas Noah faz um cinema ensimesmado de reflexões, e nesse caso, leva seu maneirismo ao paroxismo das situações. Numa cena, chega a “clipar” a controvérsia do casal mais velho estar envolto de sua modernidade, com IPads e afins, enquanto o casal novato, totalmente old fashion, é mostrado em meio aos seus vinis e k7s.
Mas há por trás dessa (óbvia) distinção uma observação interessante sobre os revezes da maturidade frente ao pensamento “do que poderia ter sido”. Esse desespero é muito bem humanizado por Noah que observa seus personagens principais sempre em perspectiva de seus questionamentos.
Essa pretensão quase esbarra num excesso de estilismo cool, mas o diretor sabe que o dilema transgeracional que professa tem o advento da universalidade, ainda mais quando reitera o ponto de vista de cada uma dela, e aí o filme logo retoma o fôlego. Tanto que sua conclusão – bem Noah Baumbach de ser – se vale do nonsense para refletir o quão ridícula pode ser a questão que a história tanto fala. E isso dizer muito sobre nós e o tempo que vivemos.
Enquanto Somos Jovens pode ser resumido na dimensão de seu título. É refletir sobre ele que você compreende muito de todo o filme.
Comente!