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“Entre Irmãs”: a combinação do épico com o folhetim

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Se há um cineasta nacional mais do que celebrado, esse alguém é Breno Silveira. Com predicados técnicos irrepreensíveis da Conspiração Filmes, ele consegue casar em doses equivalentes aquilo que se convencionou chamar de cinema de arte (ou autoral) e o que dialoga diretamente com as massas. Dessa fórmula de sucesso saiu “2 Filhos de Francisco”, sobre a trajetória da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, o primeiro filme brasileiro a chegar à marca dos cinco milhões de espectadores pós-retomada. “Gonzaga: De Pai para Filho”, que contava a história de Luíz Gonzaga e sua relação com o filho Gonzaguinha, é outro exemplo. Esse, no entanto, não teve o mesmo desempenho comercial. Para seu novo projeto, Breno foi buscar no sertão nordestino o palco para um épico de contornos folhetinescos. Ou seria o contrário?

“Entre Irmãs” (Brasil/2017) é a adaptação de ‘A Costureira e o Cangaceiro’, romance de Frances de Pontes Peebles escrito em 2009. A obra fornece a matéria prima que é cara ao cineasta: a magnitude e o apelo emocional. Esses dois elementos vão se alinhavando em um Estado de Pernambuco na década de 1930. Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) são irmãs que vivem na pequena Taguaritinga do Norte, ao lado da tia Sofia (Cyria Coentro), que lhes ensinou o ofício de costureira. Emília almeja se mudar para a cidade grande. Já Luzia se conforma com a realidade, resignada com as dificuldades de um braço atrofiado. A  grande reviravolta na vida destas três mulheres sobrevém quando o cangaceiro Carcará (Júlio Machado) cruza seu caminho. Daí, acompanhamos as jornadas pessoais das duas irmãs que se aproximam na exata medida em que distinguem dentro de um paralelismo.

A marca registrada do diretor fica evidente logo no primeiro plano. Os matizes agrestes ressaltados pela fotografia imponente de Leonardo Ferreira conferem ao longa uma forte identidade visual. Breno afirma que foi o filme mais desafiador de sua carreira e fica nítida, em cada quadro, a entrega e a (benéfica) ambição do cineasta. O roteiro adaptado de Patrícia Andrade – colaboradora de longa data do diretor – é trabalhado de forma cirúrgica para que se obtenha o resultado da equação epopeia + drama semelhante ao de clássicos hollywoodianos como “E O Vento Levou” e “Titanic”. No entanto, ali residem alguns enguiços como o excesso de duração e a chance desperdiçada de um belo final em prol de um desfecho didático e convencional.

O filme tem em seu elenco outro trunfo, encabeçado por uma cada vez mais talentosa Nanda Costa, achavascada e ao mesmo tempo graciosa, e Marjorie Estiano, comprovadamente uma das melhores atrizes de sua geração. “Entre Irmãs” é uma saga feminina, que, como tal, demanda sutilezas sem deixar o viés espetacular de lado. Falha em alguns momentos justamente no primeiro ponto. Triunfa soberbo na realização. Mais uma epopeia familiar para o currículo de Breno Silveira.

Cotação: Bom

Filme: Entre Irmãs 
Direção: Breno Silveira
Elenco: Nanda Costa, Marjorie Estiano, Júlio Machado
Gênero: Drama
País: Brasil
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Sony Pictures
Duração: 2h 15min
Classificação: 14 anos

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