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“A Era do Gelo: O Big Bang” indica que a franquia está em vias de extinção

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Depois que “A Era do Gelo 4” foi lançado, em 2012, uma pergunta pairou no ar para muita gente: para onde mais a história vai? Afinal, tudo parecia praticamente resolvido nesta quarta parte e não havia muito mais para ser explorado. Mas, como o sucesso da série não diminuiu e ela ainda é bastante popular entre as crianças (especialmente as brasileiras, já que no nosso país foram vendidos mais de 26 milhões de ingressos de todos os filmes!!!), a Blue Sky, junto com a Fox, resolveu realizar mais uma sequência.

Assim, chegamos a “A Era do Gelo: O Big Bang” (“Ice Age: Collision Course”, 2016), que procura manter o encanto e o divertimento que a franquia proporciona aos fãs. Mas, mesmo com a inserção de novos personagens e uma boa técnica de animação, esta continuação não consegue sair do lugar comum em relação ao que já foi concebido anteriormente (e melhor) nos capítulos anteriores, dando a impressão de que a série já dá sinais de cansaço e que está perto de seu fim.

Na nova aventura, mais uma vez tudo acontece por causa do esquilo Scrat e sua busca obsessiva por sua querida noz. Agora, após parar numa nave espacial (!) que estava dentro de um iceberg, Scrat acaba provocando um acidente que causa sérias mudanças no cosmos, culminando no deslocamento de um gigantesco meteoro, que acaba entrando em rota de colisão com a Terra. Enquanto isso, no nosso planeta, a preguiça Sid (dublado por Tadeu Mello na versão em português e John Leguizamo na original), o mamute Manny (Diogo Vilela/Ray Romano) e o tigre dentes de sabre Diego (Márcio Garcia/Dennis Leary) precisam realizar um plano de fuga para se proteger da ameaça que vem do espaço.

Além deles, o grupo é composto pela esposa de Manny, Ellie (Carla Pompílio/Queen Latifah), a filha dos dois, Amora, seu namorado Julian, a tigresa Shira (Andréa Suhet/Jennifer Lopez), além da avó de Sid e dos irmãos Crash e Eddie. Junta-se a eles o perturbado Buck (Alexandre Moreno/Simon Pegg), visto pela primeira vez em “A Era do Gelo 3”, que diz ter uma ideia para evitar que o pior aconteça com o mundo. Durante sua jornada, eles acabam parando numa comunidade liderada por Shangri-Lhama, onde Sid conhecerá Brooke (Ingrid Guimarães/Jesse J.), que pode acabar com a sua solidão, se o mundo não acabar antes.

Como os personagens originais são muito divertidos e carismáticos, é possível se divertir com “A Era do Gelo: O Big Bang”. Só que o filme acaba se tornando mais do mesmo por não oferecer reais novidades para a franquia, já que o roteiro (escrito por Michael Berg, Yoni Brenner e Aubrey Solomon) repete o mesmo esquema das aventuras anteriores, com uma longa viagem cheia de perigos, algumas questões “existenciais” (desta vez, Manny e Ellie precisam lidar com o crescimento de Amora e seu namoro com Julian) e muitas piadas. O problema é que, desta vez, o humor não funciona tão bem e o riso não são sai tão facilmente. Tanto que até as cenas envolvendo Scrat são as menos engraçadas da série e algumas chegam a cansar. Mas, mesmo assim, quem é fã do esquilo pode até se divertir.

Outro problema é que a trama apresenta personagens demais e nem todos funcionam a contento. O próprio Shangri-Lhama lembra muito o pinguim Amoroso, da série “Happy Feet”, com seu estilo zen e suas falas místicas que acabam não sendo nada memoráveis. A tigresa Shira não faz nenhuma diferença para a história e só está ali porque, desde a parte 4, foi imposta como par romântico de Diego. Já a família de vilões composta por Gavin e seus filhos Roger (dublado pelo Youtuber Whindersson Nunes) e Gertie possui um visual interessante porque, baseados nas últimas descobertas científicas, são seres que são uma mescla de dinossauros com pássaros e, por isso, têm penas em seus corpos e podem voar mesmo sendo bastante pesados.

Outra ideia criativa foi mostrar o que acontece na mente amalucada de Buck, dividida em várias personalidades, sendo uma delas chamada de Neil deBuck Weasel, inspirada em Neil deGrasse Tyson, cientista famoso na TV americana (chegou a fazer uma ponta como ele mesmo em “Batman Vs Superman: A Origem da Justiça”) e que dubla o personagem na versão original. Os diretores Mike Thurmeier e Galen T. Chu realizam belas e coloridas cenas para a animação, já que a trama se passa numa Terra já distante da era glacial do primeiro filme. Porém, não há nenhum grande momento que possa ficar na memória do espectador ao fim da sessão.

Na dublagem brasileira composta por muitos atores conhecidos do grande público, Diogo Vilela, Tadeu Mello e Márcio Garcia continuam realizando bons trabalhos com Manny, Sid e Diego, respectivamente. Já a “estreante” Ingrid Guimarães não faz nada de mais e não chega a se destacar como a voz de Brooke. Os outros personagens são bem defendidos pelos dubladores profissionais.

“A Era do Gelo: O Big Bang” pode até fazer um grande sucesso nas bilheterias e gerar mais continuações. Mas para isso, precisa aparecer uma história e uma dinâmica totalmente diferentes do que vem sendo apresentado até então. Do contrário, era melhor a franquia acabar por simplesmente não ter mais nada de interessante para mostrar, pois corre o sério risco de ser um mero caça-níqueis desnecessário, capaz de causar uma aversão cada vez maior, tanto de crítica quanto de público, culminando numa constrangedora extinção no mundo rico da animação.

Filme: A Era do Gelo: O Big Bang
Direção: Mike Thurmeier e Galen T. Chu
Elenco: Tadeu Mello, Diogo Vilela, Márcio Garcia, Ingrid Guimarães (na versão dublada em português)
Gênero: Animação
País: Estados Unidos
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Fox
Duração: 1h 34min
Classificação: Livre

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