Em Hollywood, volta e meia, são produzidos filmes com temas semelhantes, que acabam fazendo uma espécie de competição, para saber qual produção faz mais sucesso entre o público em geral. Foi assim com Impacto Profundo e Armaggedon, Vida de Inseto e Formiguinhas , entre outros. Este ano, a história escolhida foi o famoso conto de fadas dos Irmãos Grimm, Branca de Neve e os Sete Anões. Assim, foi lançado primeiro Espelho, Espelho Meu, que foi dirigido pelo indiano Tarsem Singh, de Imortais e A Cela. Alguns meses depois, saiu Branca de Neve e o Caçador, do estreante Rupert Sanders, com Kristen Stewart e Charlize Theron.
“Espelho, Espelho Meu” com roteiro de Marc Klein e Jason Keller, busca atualizar alguns pontos da trama, mas sem fazer grandes mudanças, que poderiam desagradar ao público. Assim, o filme começa com a famosa frase ‘Era uma vez…’, mas dessa vez ela é dita pela Rainha (Julia Roberts), que conta de uma forma bem sarcástica como ela chegou ao poder e a origem de Branca de Neve (vivida pela bela Lily Collins, filha do cantor Phil Collins). Após viver anos no palácio como se fosse uma prisioneira, a princesa descobre como o seu povo sofre com os impostos exigidos pela sua madrasta para pagar suas festas e seus caprichos, já que ela está falida. Enquanto isso, chega ao reinado o príncipe de Alcott (interpretado por Armie Hammer, de A Rede Social e J. Edgar), que desperta o interesse nas duas: a Rainha pela questão financeira; a princesa pelas questões do coração.
Devido a disputa, Branca de Neve é levada para fora do reino pelo braço direito da Rainha, Brighton (Nathan Lane, de A Gaiola das Loucas), que deveria matá-la. Em vez disso, ele a liberta e a princesa vai parar na casa dos sete anões, que ao invés de serem mineiros, como no clássico desenho da Disney, são ladrões e usam pernas de pau para cometer seus assaltos. Ela se une ao bando para acabar com as injustiças da madrasta, mas acaba tendo que enfrentar o príncipe, que foi enfeitiçado pela Rainha.
O filme faz o possível para divertir o espectador, seja por sua curiosa concepção visual (ele não esconde em nenhum momento que foi feito boa parte em estúdio), seja pelos figurinos exagerados, criados pela vencedora do Oscar Eiko Ishiota, que faleceu logo em seguida e a quem a produção é dedicada. Seja ainda pelas muitas piadas – as melhores, claro, vão para a personagem de Julia Roberts, que se sente bem à vontade para ser, ao mesmo tempo, irônica e carismática, algo que ela faz muito bem em sua carreira. Outro destaque vai para o príncipe meio bobão vivido por Armie Hammer. Impossível não rir com as cenas em que ele toma uma poção e fica feito um cachorrinho fiel à vilã. O resto do elenco está bem, como o grupo dos anões. Lily Collins é uma atriz simpática, mas ainda precisa amadurecer mais, embora sua atuação não a comprometa.
O problema fica no terço final da história, quando o filme se perde. As situações dramáticas apresentadas não têm nenhum vigor e o excesso de gracinhas tira o impacto da produção, que vai ficando cansativa. Além disso, o diretor inseriu um número musical totalmente inspirado na Bollywood de sua terra natal, que fica meio sem sentido na trama. Quando o filme acaba, pouca coisa fica na memória. A não ser, talvez, a boa interpretação da estrela Julia Roberts. Mas isso já era mesmo esperado. Como o final feliz dos contos de fadas.
[xrr rating=2.5/5]
Belo texto Célio
Valeu, Salvador. Muito obrigado.