Se “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado”, lançado em 1997, surfava no sucesso de “Pânico”, era natural que a franquia retornasse, embalada pela bem-sucedida retomada em 2022 da série de terror adolescente criada por Wes Craven. Aquela era a celebrada revitalização dos filmes de horror focados no público juvenil que acontecia em meados dos anos 1990, quando Freddy Kruegger e Jason pareciam estar com suas imagens desgastadas e com pouco apelo, e tinha como cabeça o roteirista Kevin Williamson. Já se vão dezenove anos anos desde o lançamento do malfadado “Eu Sempre Saberei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado”, e de lá para cá houve várias tentativas de ressuscitar a marca.
A partir de 2014, a franquia “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” foi passando por diversos planos de retomada. Naquele ano, a Sony anunciou um reboot com Mike Flanagan, que acabou cancelado. Em 2019, a Amazon Studios adquiriu os direitos e lançou uma série de TV em 2021, com direção de Craig Macneill e roteiro de Sara Goodman. Já em 2023, foi anunciado o novo filme sequência com retorno dos astros Jennifer Love Hewitt e Freddie Prinze Jr., confirmados em 2024.
Na nova trama, cinco jovens veem suas vidas virarem de cabeça para baixo após um acidente de carro fatal. Eles fazem um pacto para esconder o que aconteceu e seguir em frente, mas um ano depois o passado volta para assombrá-los. Um misterioso assassino com um gancho em mãos começa a persegui-los, ameaçando revelar seus segredos mais obscuros. O que parecia apenas um jogo psicológico se transforma em uma série de mortes brutais, colocando o grupo em uma corrida desesperada por respostas.

À medida que os ataques se intensificam, eles descobrem que não são os primeiros a passar por isso: décadas antes, a cidade de Southport foi palco de um massacre semelhante. Em busca de sobrevivência, os jovens decidem procurar os únicos dois que escaparam daquele terror em 1997, na esperança de encontrar pistas sobre o novo assassino. Mas a verdade que os aguarda pode ser ainda mais sombria — e nem todos escaparão vivos deste verão.
É basicamente a história do filme original, com jovens de perfil bastante semelhante (o desprovido de massa encefálica, a beauty queen, a menina esperta) porém, trazendo os veteranos para evocar a nostalgia. Todavia, se em “Pânico” os novos personagens tinham uma certa graça e o elenco era encabeçado por jovens com talento como Melissa Barrera e Jenna Ortega, aqui o que temos é uma turma que não gera empatia – há momentos em que você deseja que todos morram – e o roteiro não tem a menor preocupação de dar um mínimo de desenvolvimento a eles.
O “Eu Sei” original sabia como criar toda a ambientação necessária para que o terror tivesse impacto. O elemento da preparação de suspense é sempre acionado em filmes eficazes do gênero. Mas Jennifer Kaytin Robinson e Sam Lansky não possuem a habilidade de Williamson, que tão bem construiu o roteiro a partir da obra literária de Lois Duncan. O script da dupla se limita a seguir a receita de bolo do slasher teen sem um pingo de ousadia ou ambição. Na direção, Jennifer atua com uma retidão que chega a incomodar. Não que Jim Gillespie fosse genial, mas ele sabia utilizar a câmera e a edição com sagacidade que favorecia a trama.
Acaba sobrando mesmo para os personagens veteranos a tarefa de salvar o show. Pelo menos tentam. Em uma típica tentativa de requel (mescla de reboot com sequel, alvo de uma sátira marota na retomada de Pânico), a nova geração recorre a Julie e Ray, vividos mais uma vez por Jennifer Love Hewitt e Freddie Prinze Jr. respectivamente, trazendo-os de volta à ação para ajudar a solucionar o caso. Contudo fica a sensação de que o ex-casal está ali apenas para garantir uma nostalgia gratuita, uma vez que a trama se desenvolveria da mesma forma sem eles.

Aos jovens restou apenas papéis estereotipados, apenas a Ava de Chase Sui Wonders (“Morte, Morte, Morte”)apresenta alguma substância. A atriz aproveita a oportunidade dada pelo roteiro para executar uma atuação convincente, enquanto os colegas se encontram presos em caricaturas.
Por fim, “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado” falhou dessa vez em seguir os passos da franquia contemporânea, que foi muito mais feliz em sua reabertura nos anos 2020, e o máximo que se pode elogiar é em algumas piadas, um certo despojamento, e o clima de homenagem não só ao original, mas ao gênero slasher como um todo. No mais são jump scares, reviravoltas previsíveis ou sem o menor impacto, como é o caso da descoberta do assassino. Um título que poderia perfeitamente ficar somente na lembrança dos anos 90.
Nota: 5/10 – Regular








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