Confia em Mim parece ser o recado que o estreante em longas metragens, Michel Tikhomiroff, quer dar sobre sua capacidade no ofício. Primeiros filmes geralmente caem numa espécie de “impressionismo” irritante que procura muito mais uma demarcação artística do que a efetiva conjunção de uma história em si. Ou se destacam, de cara, pela apropriação do que quer contar. Tikhomiroff não é nem uma coisa nem outra.
A história é a seguinte: Mari é uma cozinheira brilhante que busca conquistar o seu espaço no ramo, mas seu chefe só a menospreza. Em uma degustação de vinho, acaba conhecendo Caio, um homem simpático que a incentiva a correr atrás de seus sonhos, mas que na verdade está planejando um futuro bem diferente, com enganações, mentiras e decepções.
Confia em Mim tem uma trama progressiva e o trabalho dos atores (Fernanda Machado e Mateus Solano) estão sintonizados com os personagens que defendem. Entretanto para além de uma narrativa correta, falta ao diretor um cuidado maior com estética de sua história.
A falta de uma fotografia mais personalizada – principalmente para estabelecer com propriedade a tensão que vai emergindo da relação do casal e suas consequências, assim como uma direção de arte mais embasada e uma trilha sonora cuidadosa, tudo deixa evidente a fragilidade do diretor na execução de seu entendimento de cinema. Se por um lado o roteiro executa bem o plot desejado, por outro expõe personagens secundários caricatos (patrão arrogante, detetive clichê, etc) e o desfecho soa pouco crível do que foi executando até ali.
Confia em Mim tem defeitos claros, mas não definitivos a carreira do estreante como diretor de cinema. Com mais cuidado com o recorte que faz de sua obra, Michel encontrará a resposta de seu cinema.
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