Foi com a imagem de operários saindo de sua fábrica em Lyon que os irmãos Lumière inauguraram o Cinema. Com “24 City” de Jia Zhang Ke, o que assistimos agora é a saída do edifício de uma fábrica para que no lugar se construa um grande conjunto residencial e comercial.
Tudo se dá em Chengdu, cidade de 11 milhões de habitantes, com povo nacionalmente conhecido por saber se divertir. Os cariocas pensam em alguma analogia?
O filme não cria nada em termos de linguagem cinematográfica. No entanto esta é utilizada com grande competência. A obra é composta por depoimentos de ex-operários, passando por seus filhos até um comprador de um dos apartamentos. Assistimos também a transformação de um local de feiúra devida à necessidade de produtividade se tornar feio devido ao mau gosto. É a emoção, ou a falta dela, dos depoentes a grande atração. O estilo do cineasta, conhecido em nossas paragens através de “O Mundo”, “Still Life”, e mais recentemente por “Inútil”, sempre consegue extrair emoções do espectador transformando imagens de lugares feios, ao som de música também feia, em componentes de belo Cinema.
Magia do Cinema é isto.
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