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Festival do Rio: "A Sombra do Pai" não tem a força que se pretende

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Um dos melhores filmes do ano, O Animal Cordial, a diretora Gabriela Amaral Almeida trouxe para o Festival do Rio seu segundo longa, também investigando a seara do suspense, A Sombra do Pai, talvez um dos mais aguardados da Premiere Brasil, mostra do Festival que faz um panorama dos novos filmes brasileiros de ficção e documentário.
Mais alinhando ao terror como gênero psicológico e pouco gráfico, o filme acompanha a menina Dalva (Nina Medeiros) que perdeu a mãe e ainda vive com o pai, Jorge (Júlio Machado). Conforme ele sucumbe a depressão pela perda, aumentada com o suicídio de um colega de trabalho, suas vidas passam a ser atravessadas por um desejo pelo sobrenatural.
Estimulada pela tia (Luciana Paes), Dalva acredita possuir o dom de fazer suas vontades acontecerem, até trazer de volta quem morreu. Ressuscitar a mãe se torna seu principal objetivo. Já Jorge alucina com a presença fantasmagórica do colega, enquanto se transforma numa espécie de zumbi, rechaçado por uma ferida que nunca sara.

Há todo um misticismo que permeia os personagens em seus delírios com o sobrenatural. Gabriela usa isso para solidificar a tensão do desconhecido para com o espectador. Nesse aspecto o filme tem bons momentos. Entretanto, diferente de seu primeiro e incensado filme, a diretora não consegue uma coesão dramática para com aqueles personagens e o clima desejado.
O filme muitas vezes empalidece na medida que Jorge vai se amortecendo. Seja pelo ritmo ou até mesmo pelo fôlego curto de sua pretensão. Há referências diretas, como os filmes clássicos que Dalva assiste: A Noite do Mortos Vivos de George A. Romero (1968) e O Cemitério Maldito de Mary Lambert (1989), que indicam um caminho referendado da qual Gabriela buscou traçar, mas o filme pouco alcança para além de uma tentativa de dar alguma espessura ao gênero, tão revisitado com maior brilho pela nova geração de diretores brasileiros.

Cotação: 2,5/5 estrelas

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