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Festival do Rio: A Woman, A Gun And A Noodle Shop

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Zhang Yimou ficou mundialmente famoso por seu contemplativo, e, para alguns, incompreensível “Lanternas Vermelhas”, filme responsável por voltar os olhos ocidentais aos filmes-cabeça asiáticos, que se tornaram tendência no circuito de arte e cineclubes do lado de cá do globo. Com “Herói”, Yimou iniciou uma trilogia cinematográfica épica completada com “O Clã Das Adagas Voadoras” e “A Maldição Da Flor Dourada”, aproveitando a febre dos Wuxia – épicos de artes marciais – no ocidente, desencadeada pelo belíssimo O Tigre e o Dragão de Ang Lee. Estes filmes proporcionaram a Yimou fama de cineasta flamboyant, tudo que vinha dele era suntuoso e com uso abusivo das cores.

Eis que chega aqui via Festival Do Rio o último filme do cineasta, A Woman A Gun And A Noodle Shop (San qiang pai an jing qi, 2009), adaptação de “Gosto de Sangue” dos irmãos Cohen transposta para a China feudal. Na trama, uma mulher adúltera, esposa de um dono de restaurante onde se serve macarrão adquire uma arma de um mercador persa e planeja, com a ajuda do amante, matar o marido opressor e dono de uma política trabalhista extremamente nefasta em relação aos empregados . Quando este descobre a traição, contrata um membro da guarda imperial para executar os dois. Daí, como se pode esperar de um filme de Zhang Yimou temos reviravoltas e situações inusitadas.

Depois de uma temporada realizando peliculas que tinham na grandiosidade sua principal característica, vemos que o diretor economizou um pouco neste exemplar, nas cores , porém, não houve economia, vemos na fotografia de Xiaoding Zao as tonalidades marcantes que permeiam as películas de Yimou. O que é possivel notar é a presença do sarcasmo e do humor negro que jamais teriam vez na trilogia épica, e aqui desfilam sem o menor pudor. Zhang Yimou buscou fazer um ácido ensaio sobre o que o ser humano tem de pior: a cobiça, a vingança, a ganância e a falsidade, mas sem lições de moral ou “puniçõezinhas” típicas do cinemão hollywoodiano

Ainda que não tenha toda a exuberância de Herói, “A Woman, A Gun And A Noodle Shop” traz peculiaridades suficientes para agradar aos fãs de Yimou, além de mostrar para os seus detratores que ele não é cineasta de um só gênero. Nem só de pretensão vive seu cinema, Zhang Yimou mostra que é possível excutar um bom filme com despretensão e até bom humor

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