Califórnia é o cartão de visitas de Marina Person no campo dos longas metragens de ficção. É também uma amostra do frescor que advém do repertório da diretora e que parece formatar a personalidade dos futuros trabalhos da ex-Vj da MTV. Estela (Clara Gallo) é uma adolescente como a maioria de sua idade, ou seja, descobrindo a si e ao mundo em que vive. Seu sonho é ir para a Califórnia visitar seu tio Carlos (Caio Blat). Um belo dia recebe a notícia de que sua viagem terá que ser adiada, pois seu tio está de volta ao Brasil.
Carlos está com AIDS e vem terminar seus dias perto de sua família. Ao mesmo tempo em que vive o turbilhão da primeira paixão, ou apenas o início de seus dilemas amorosos. Nesse contexto, preste atenção na performance do ótimo ator Caio Horowicz, que interpreta JM, o esquisito elo que a liga ao verdadeiro amor romântico.
Marina fez um filme calcado em sua memória afetiva, permeado por imagens, músicas e sensações. A expertise musical de Marina torna suas referências em momentos quase oníricos na trilha sonora que vai de The Cure e David Bowie até Kid Abelha e Blitz. Fora outras citações literárias.
A descoberta da identidade e sexualidade de uma adolescente dá a tônica para uma narrativa que acompanha esse crescimento. O próprio filme amadurece durante seu desenvolvimento (na prática, ele melhora muito em seu decorrer). Talvez peque por uma espécie de superficialidade dessa idealização, especialmente no tocante a evolução dramática do tio gay.
Califórnia é um filme deliciosamente pop, mas também é um filme quase ingênuo na percepção que faz de um tempo. E essa ingenuidade imprime absolutamente legítima.








Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.