Festival do Rio: Kaboom

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Se nos anos 90 seu Nowhere foi descrito comoBarrados no Baile tomando ácido”, acho que posso descrever Kaboom, o novo filme de Gregg Araki como uma versão “homo-erótica de Scott Pilgrim mais uma boas carreiras de cocaína” – embora o filme de Edgar Wright tenha sido lançado bem depois. Sem medo de fazer um filme B, o diretor californiano parece ter encontrado o seu caminho para se tornar o herdeiro de John Waters.

No pouco de história que há no longa, o jovem Smith (Thomas Dekker), um estudante universitário mais ou menos bissexual, tem um sonho recorrente que começa a se transportar para a sua vida real. As pessoas desconhecidas e conhecidas de seu sonho começam a gravitar ao seu redor às vésperas de seu aniversário de 19 anos. O que Smith não sabe é que isso tudo faz parte de uma conspiração que pode acabar com boa parte de humanidade. Enquanto procura por pistas do que vem acontecendo, ele é perseguido por um grupo de pessoas com máscaras de animais e vai para a cama com um monte de gente, a maioria homens. Suas amigas – as ótimas e deliciosas Juno Temple e Haley Bennett –, antes desdenhosas, começam também a sofrer as consequencias da conspiração e tentam ajudá-lo a achar qualquer tipo de resposta para o que vem acontecendo.

Kaboom ganha muitos pontos por saber bem que tipo de filme é e, além de mostrar ao público a sua graça, ri junto. Para uma geração atual de adolescentes onde a internet é o grande educador sexual das massas e a sigla WTF é usada tão corriqueiramente para descrever qualquer coisa minimamente estranha, Araki coloca um enorme What The Fuck na testa de seus espectadores e nem se preocupa em saber quem gostou e quem odiou. Ele já se divertiu o suficiente só fazendo o filme.

Pelo roteiro ridículo e milaborante, atuações pouco naturais, montagem intencionalmente televisiva e senso de humor para poucos, Kaboom tem tantas chances de se tornar um filme estandarte para uma parcela da platéia quanto ser uma experiência repulsiva para outra parcela. No mínimo, todos ficarão felizes com a quantidade de corpos semi-nús na tela, como se fosse uma pornochanchada (carioca, mais light) do século XXI.

Muitas pessoas gostam de assistir a filmes B e trash na esperança de encontrar ideias originais e ao mesmo tempo idiotas, com execuções toscas e engraçadas. Geralmente, esses filmes começam divertidos e depois se tornam cansativos e repetitivos, perdendo a graça depois de alguns minutos. O grande mérito de Kaboom é fazer um filme trash moderno, ágil e que prende a atenção até o fim com a sua trama conspiratória, deixando as ideias mais cabeludas para o fim, quando o jogo já está ganho, e as risadas vão saindo naturalmente pela incredulidade do espectador com o que está vendo na tela.

Ao contrário de seu último filme, Smiley Face, onde o humor do nonsense não foi totalmente satisfatório por ter a estrutura de uma comédia boba, Kaboom é bem mais competente por fazer grandes estripulias com cara séria em todos os momentos. É isso, sou um dos que saiu da sessão achando o filme divertidíssimo, mas não é para todos. O título já é um belo indicativo.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=zioGZrmh2OY&feature=related[/youtube]

  • SEG (27/9) 12:00 Estação Botafogo 1 [EB122]
  • SEG (27/9) 18:00 Estação Botafogo 1 [EB125]
  • SEG (27/9) 24:00 Estação Botafogo 1 [EB128]
  • QUI (30/9) 16:30 São Luiz 3 [SL025]
  • QUI (30/9) 21:30 São Luiz 3 [SL027]

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One thought on “Festival do Rio: Kaboom

  1. Amei o filme, chorei de rir!!!!!!!! Pelo nome eu ja esperava algo incrivel, e pela sinopse esperava um novo classico pessoal e foi tudo isso e mais sem a menor duvida. Verei novamente e dessa vez quem sabe eu não levo uns biscoitinhos complementares no melhor estilo Kaboom… hehehehe