Festival do Rio: "Obra" e sua reiteração fotográfica

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Longa de estreia do curtametragista Gregorio Graziosi, Obra, trouxe para a Première Brasil do Festival do Rio 2014 o cartesianismo arquitetônico de São Paulo representado numa soturna história sobre conflitos internos e incômodos de um arquiteto (Irandhir Santos, recorrente no Festival desse ano) envolvido num grande projeto que esbarra na questão (ética?) de estar sobre um cemitério clandestino. O terreno é herdado da família e o empreendimento é incentivado pelo pai. Prestes a ser pai, ele entra numa espécie de revisão do passado, e da sua consciência.
Ao apresentar seu filme, Gregório até fez uma interessante justificativa sobre seu filme: “Eu tinha que fazer esse filme. pois eu queria muito falar da minha relação com São Paulo. Para mim, a cidade só pensa no cotidiano, no novo, não sabe lidar com o que veio antes”. Entretanto, Obra sofre de um sintoma muito comum em primeiros filmes: o excesso de estilismos. Menos para realçar a história, e mais para uma auto afirmação. A plasticidade excessiva atravanca seu discurso metafórico urbano, que pretende ecoar na relação individual de seu protagonista, mas soa banal. O antagonismo – na figura de Julio Andrade – nada mais é que uma necessidade do discurso e não um recurso dramático em si. A narrativa contemplativa ajuda muito a (belíssima) fotografia em preto e branco de André Siqueira Brandão, mas um filme não é feito só de belas imagens estáticas (como bem nos ensinou Antonioni), e o diretor acaba por fazer de seu filme um simples exercício umbilical.
nota 2

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