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Festival do Rio: Seria "Casa Grande" nosso "Beleza Americana" juvenil?

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Destaque desses últimos dias da Premiere Brasil do Festival do Rio 2014, Casa Grande, de Fellipe Barbosa justifica (e muito) ter sido premiado como Melhor Roteiro nos Laboratórios de Roteiro e Direção do Festival de Sundance, lá em 2008. Seu maior êxito e impacto reside exatamente em suas palavras. Até seu título, que remete a clássica obra de Gilberto Freyre, traz em si uma ambiguidade condizente com o retrato social que o filme faz, principalmente no tocante às questões de classes.
A trama é protagonizada por Jean (Thales Cavalcanti, vivaz na desconstrução de sua inocência), um adolescente que começa a perceber que a riqueza da família está se diluindo em uma crise financeira da qual os pais superprotetores (Marcelo Novaes e Suzana Pires, na melhor interpretação da sua carreira) estão passando, ao mesmo tempo em que encara a chegada implacável da maturidade pela urgência de seu rito de passagem.

O roteiro consegue trafegar pelo paralelismo da crítica social cotidiana e dos firmes matizes do desenvolvimento de seus personagens (algo muito bem construído aqui). Assim como o ótimo e recente O Som ao Redor, Casa Grande se insere na categoria de filmes que investigam as complexidades e contradições da classe média, em viscerais transformações, mas balizadas por cotidianos ainda muito reveladores. Em algumas (poucas) vezes, o discursivo quase se dissocia da dramaturgia, como na cena da discussão das cotas. Mas o fio da meada logo é retomado.
A relação classicista com os empregados, o contraste cultural com um interesse romântico fora de seu metiê e o desmoronamento moral da família, vão conduzindo a vida desse adolescente e agregando um reflexão sobre o tempo e o meio a qual estamos inseridos. Nisso, o filme é hábil. Por outro lado, e até para solidificar ainda mais essa busca temporal do diretor, falta ao longa uma contextualização estética ao todo. Ou mesmo um maior apuro fotográfico. O próprio contexto doméstico e/ou conflitos internos de Jean poderiam ser melhores traduzidos em suas visualidades. Mas ao fim do filme, e com a informação de que a trama tem a propriedade semi biográfica do diretor, a sensação é de que os personagens que gravitam aquela “Casa Grande” dizem muito sobre o que acontece exatamente fora dela.

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