Frank Miller fala sobre Spirit

No blog da produção do filme Spirit, Frank Miller, diretor, roteirista, ator, escritor de quadrinhos e fã incondicional de Will Eisner dá algumas respostas aos fãs e fala um pouco mais sobre a produção do filme. E é claro que eu, seu tradutor oficial, fiquei incumbido de fazer isso. O resultado está logo abaixo, divirtam-se:

Frank Miller fala sobre Spirit – Ambrosia


THE SPIRIT Blog #9

AOS MEUS LEITORES
Grande foi a discussão na blogosfera de quadrinhos sobre meu filme do SPIRIT – muito justificado, muito aguardado, e para o meu agrado houve realmente uma discussão Alguns leitores de quadrinhos temem que meu THE SPIRIT seja uma recauchutagem de SIN CITY. Outros reclamam sobre as mudanças na roupa tradicional de Spirit que tem o chapéu, a máscara e casaco azuis mudados para preto. Estas são preocupações normais para qualquer amante da obra de arte de Will Eisner. Eu aproveito essa oportunidade para responder a essas preocupações. Com alegria, eu aproveito essa oportunidade
THE SPIRIT é, com todo meu desforço, nenhum monumento enferrujado, velho e empoeirado ao trabalho do meu adorado mentor, tanto que é uma extensão do que eu sei que foi a intenção central de Eisner: criar algo novo, esperto e exploratório. Foi isso que ele fez. É isso que eu estou fazendo.
Ele apenas lembra SIN CITY por eu ser o diretor e sim, eu tenho minhas manias e predisposições. Por sorte eu pude discernir três importantes predisposições que eu divido com meu mestre. Nós dois amamos boas histórias. Nós dois amamos Nova Iorque. E nós dois amamos mulheres lindas.
(Por favor, perdoem o meu constante uso do tempo presente para meu caro amigo. Sua força criativa, e sua força de personalidade, permanecem tão fortes em minha mente que eu não consigo pensar em Will Eisner como um homem que já nos deixou)
Agora, sobre a roupa azul.
Histórias em quadrinhos tem uma longa tradição baseada nas limitações de impressão pré digital. Entre outras tradições temos a das velhas impressoras passando pelo uso da prensa de jornal (sim, quadrinhos seguem tradições que nos remetem até Gutenberg!). Má impressão em papel jornal é a razão de ser necessário que todo super herói tivesse seu emblema impresso no peito, e tudo que fosse preto seria pintado de azul. Vide o esquisitíssimo cabelo azul do Super Homem. E o chapéu, máscara e casacos azuis do Spirit.
Em testes – e nós fizemos diversos – o azul fez Spirit parecer um convidado desafortunado numa festa de Halloween. Indo para o negro traz de volta o seu mistério essencial, seu estilo sexy como o Zorro. E ainda faz aquela gravata vermelha dele ficar muito muito legal. Então eu decidi, com todo respeito a criação de Eisner, e mais importante, para o que eu percebi como sua intenção inicial. Foi uma escolha fácil de fazer. O Spirit se veste de negro e aparenta muito mais legal por causa disso. Como eu disse, meu desejo nunca foi o de jogar as regras estabelecidas em impressões dos anos 40 para o espaço, mas reintroduzir a criação de Eisner, com tecnologia moderna, ao nosso bravo mundo novo.
E THE SPIRIT será um tipo de SIN CITY REDUX? Não, SIN CITY, aquele é meu bebê, meus amigos, e ele aparenta do jeito que aparenta por suas razões. THE SPIRIT é, e sempre será, o SPIRIT do Eisner. Qualquer um no set de filmagens que me visse poderia testemunhar que eu frequentemente desenhava um storyboard para dada cena do jeito que eu via, e então do jeito que Will veria, e, em todos os casos, eu escolhia o que via na versão do Will
Para terminar a argumentação, THE SPIRIT, apesar de quaisquer impressões acidentais deixadas por aquele teaser trailer animal, é um filme cheio de cor. SIN CITY, e eu espero fazer dele uma trilogia própria, nem que eu passe por Céu ou Inferno, é, visualmente, uma casinha de brinquedos para preto e branco.
THE SPIRIT tem sido uma aventura e tanto, uma que me fez amar o mundo dos quadrinhos mais que nunca
Eu estou confiante que será um filme fantástico
FM
P.S.: Eu coloquei a imagem da Eva Mendes vestida de Sand Saref porque é bem melhor de ver do que o narigudo do Frank Miller. Desculpa Frank, eu também gosto de mulheres lindas.
J.R. Dib

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