“Godzilla e Kong: O Novo Império” é para desligar cérebro e aproveitar…

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O monstroverso da Warner Bros. finalmente resolveu “se assumir”. Esse banho de honestidade consigo e com o público vem sob a forma de “Godzilla e Kong: O Novo Império”. Todo mundo sabe, e isso gera muita reclamação, que nos filmes desse universo encabeçado pelo Godzilla e o King Kong existe uma preocupação com os dramas dos personagens humanos, que pouco ou nada interessa à plateia que quer ver mesmo é destruição e briga de monstros. Agora é como se fosse um verdadeiro rodízio de cenas com embates de bicharocos. E assim como há quem saia de um restaurante dessa configuração arrependido por ter cometido excesso, aqui pode acontecer o mesmo.

Depois de terem se encontrado como inimigos em “Godzilla vs Kong”, o gorila gigante e o kaiju precisam se unir contra uma grande e inesperada ameaça mortal escondida, que além de ameaçar sua própria existência, também ameaça nossa espécie. Essa jornada se conecta a uma antiga batalha de Titãs que ajudou a forjar esses seres extraordinários e os ligou à humanidade para sempre.

O diretor Adam Wingard, que também dirigiu o primeiro embate entre os monstros, de 2021, vai ainda mais fundo na proposta do filme anterior de não focar muito nos problemas dos personagens humanos e dar o máximo de protagonismo às verdadeiras estrelas. Em Godzilla, Gareth Edwards faz um belo trabalho de direção, mas os espectadores se queixaram que viram muito desenvolvimento de personagem e pouca ação envolvendo o lagarto gigante. Em Godzilla: Rei dos Monstros Michael Dougherty cometeu o mesmo erro, só que com uma trama humana bastante inferior.

Aqui é ação e trauletada sem trégua. Mais ou menos como aqueles filmes de artes marciais de antigamente, ou os animes shounen que tanto fascinam a molecada de hoje em dia. Os efeitos convincentes contribuem para a experiência, corroborando todo o absurdo visto em tela. Mas, desde o início já somos avisados que a suspensão de descrença é pré-requisito.

Sim, ainda há os personagens humanos e a trama que os envolve, de fato, não é das mais interessantes. Ainda haverá o dia em que a Warner realizará um filme do MonstroVerso apenas com os titãs, sem diálogos, como em várias sequências aqui, o que já indica um começo. Mas por enquanto ainda acredita-se que se não constar um fio de trama com pessoas, a conexão vai se perder. Então estão de volta Ilene (Rebecca Hall), sua filha Jia (Kaylee Hottle) e o podcaster mala Bernie Reyes (Brian Tyree Henry). Junto com eles temos a adição de Trapper (Dan Stevens), uma espécie de sub-Owen Grady, o personagem de Chris Pratt em Jurassic World. O objetivo do grupo é desnecessário e o desenrolar não faz o menor sentido, mas como suas cenas são sempre entrecortadas por duelos empolgantes entre monstros, esse arco acaba indo para o devido lugar de segundo plano.

Por fim, a melhor forma de se aproveitar “Godzilla e Kong: O Novo Império” é com o cérebro no modo off. Seu objetivo de saciar a demanda por uma pândega monstruosa foi cumprido e vai satisfazer os entusiastas. Comparações com “Godzilla Minus One” devem ser evitadas a todo custo, até pelo fato de não caberem. São propostas muito distintas. Mas se o MonsterVerse pretende de fato racionar a pretensão e abraçar o absurdo (filme de monstro gigante deveria ser diferente disso?), a proposta é bem-vinda.

Godzilla e Kong: Novo Império

Godzilla e Kong: Novo Império
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Nota: 7/10 - Ótimo
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