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Homem de Ferro 3 humaniza um homem de lata

Para quem assistiu ou leu “O Mágico de Oz” sabe que um dos personagens que acompanham Dorothy é o Homem de Lata, que busca um coração para se sentir mais humano. Durante esta trilogia (que vai virar tetra ou até pentalogia), acompanhamos, em uma analogia clássica, a busca de Tony Stark por um coração, uma razão de viver e de melhor se relacionar a seus próprios sentimentos. O ápice desta busca ocorre em Homem de Ferro 3.

Tony (Robert Downey Jr.), após os eventos ocorridos em Nova Iorque nos Vingadores está em um estado de pura tensão, com ataques de ansiedade e insônia ao se lembrar de como quase morreu para poder salvar a cidade e o planeta dos atos praticados por Loki e de como quase ficou sem sua amada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) a quem ele tem de proteger a todo custo. Ao mesmo tempo, a organização controlada pelo Mandarin (Ben Kingsley) começa uma série de ataques e ameaças aos EUA e ao Homem de Ferro.

A pressão sobre ele, tanto interna quanto externamente acaba por culminar com um ataque a sua mansão no qual todos quase morrem, se não fosse pela inteligência de Tony. Ao fugir da mansão, ele acaba indo parar em um dos locais em que houveram explosões suspeitas e lá tenta renovar sua vida e mente.

Vemos que o diretor Shane Black, que só tinha até então o filme “Beijos e Tiros” em seu currículo resolveu dar novos ares ao elenco e aos personagens. É de se notar que o roteiro é dele e de Drew Pearce tem uma temática mais séria do que os dois primeiros filmes, tratando de detalhes da vida de Tony que pouco foram explorados nos demais filmes.

Para quem não conhece, Shane Black foi o roteirista de todos os Máquinas Mortíferas e Pierce foi o criador de No Heroics, uma das melhores séries indies de super heróis e do grandioso Pacific Rim (Círculo de Fogo) que promete revolucionar o gênero de ação. Tal currículo transparece na tela. Homem de Ferro 3 não é um filme de super heróis até seu terceiro ato. Antes disso vemos um pouco de thriller político, drama e o mínimo possível de cenas com conotação cômica.

As piadinhas diminuiram muito depois dos eventos de “Os Vingadores”, Tony tem medo de perder Pepper e começa a construir mais e mais armaduras para erguer um escudo de proteção contra todos que podem o ameaçar, é como se ele estivesse se fechando em uma casca e ao mesmo tempo, os ataques de ansiedade o fazem querer ficar em espaços abertos, exposto. Ele sabe que tem de superar isso, mas não tem controle algum e isso acaba o fazendo ficar em quase desespero, se isolando mais e mais, inclusive de quem ele deveria ficar mais próximo, que é Pepper.

O desenvolvimento dos vilões e a ligação deles com a tecnologia do Extremis é outra grande idéia utilizada. O Mandarin é uma união de todos os grandes demônios criados pelos EUA para comprovar suas razões pelos gastos bélicos e invasões ao redor do mundo nos últimos 20 anos e a crítica a estas atitudes é nítida, tanto no modo como ele é mostrado e desenvolvido durante o filme quanto na forma que o governo americano faz para tentar captura-lo, mandando sua Máquina de Combate, o Coronel James Rhodes (Don Cheadle), agora com uma armadura pintada com as cores da bandeira americana e invadindo casebres no Afeganistão sem encontrar qualquer suspeito. A crítica é clara, só não vê quem não quer.

A delicadeza do filme se encontra em explorar o íntimo de Tony, seus medos e receios e dizer a ele que agora que ele não pode mais se esconder atrás de uma armadura. Por ser o mais humano dos Vingadores e o mais exposto, era de se esperar que ele acabasse entrando na mira de vilões e adversários com mais frequência. Inicialmente, a arrogância de Tony era sua armadura, mas depois que ele percebeu que seres muito mais poderosos habitavam o mundo, ele colocou os pés no chão e viu que nem mesmo sua ultra tecnológica armadura poderia o proteger das ameaças.

Para evitar maiores spoilers, eu termino por aqui, mas o filme é realmente um dos melhores filmes baseados em quadrinhos que já foram feitos por saber explorar maravilhosamente todos os aspectos que as histórias já criaram, transpondo os limites da adaptação e quebrando tabus, mostrando que cinema e quadrinhos não precisam ficar andando de mãos dadas mas sim, seguindo na mesma direção, cada um a seu devido ritmo e dinâmica.

Para tanto, não se poderia esquecer dos efeitos especiais que novamente estão fantásticos, só que desta vez, nas mãos da WETA e da Digital Domain que conseguiram transpor os limites dos demais filmes, com novas cenas de ação maravilhosas e perfeitamente elaboradas. Quanto ao 3D, talvez seja a única falha do filme, não por ser ruim a conversão, mas totalmente desnecessária. O filme fica lindo em 2D, em 3D ele escurece um pouco, mas nada que canse os olhos como a péssima conversão feita em Thor.

Homem de Ferro 3 chegou para marcar época e elevar os patamares para os próximos filmes de heróis, sejam eles da Marvel ou da DC. E como sempre, a dica dos filmes da Marvel permanece, fique até o final dos créditos finais e não do estilizado pela deliciosa cena que ocorre que quem acompanha um pouco da vida na internet sabe do que se trata. Nenhuma grande surpresa, nada demais, apenas um extra delicioso.

Cotação: Épico (5 de 5 estrelas)

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