Poderia começar esse texto como tantos outros sobre essas comédias brasileiras tenebrosas que fazem sucesso na mesma medida que são vergonhosamente ruins. Mas até disso eu estou cansado. Essas comédias são uma realidade. Mercantilista, mas uma realidade.
Um Suburbano Sortudo é mais um exemplo (e não exceção, como foi um dia surpresas como Vai que dá certo) desse paradigma de comédia ruim que apela para facilidades para garantir seu milhão. Na verdade, nesse caso bem específico, temos a figura do Rodrigo Sant’Anna, um ótimo humorista que também é um ótimo ator. Denílson (Rodrigo) é um simples camelô do subúrbio, mas sua vida muda quando seu até então desconhecido pai biológico morre, deixando para ele toda o seu legado milionário. Junto com a fortuna, porém, Denílson herda também a família insatisfeita e endividada do falecido, que fará de tudo para colocar as mãos nessa herança.
Conforme o filme vai se desenrolando, sim porque não posso dizer que ele se desenvolve, não me saía da cabeça o quanto o ator merecia um filme melhor para exercer seu talento. Rodrigo tem composição e graça. Mas o filme não dá conta nem de si mesmo, quanto mais desse talento. E digo até tecnicamente.
O diretor Roberto Santucci (da franquia mal dirigida Até Que a Sorte os Separe) é tão lambão, que em determinado momento, há um corte de uma personagem para ela mesma (!!!).
Enfim, a lógica que nunca entra na minha cabeça é: se existe um mercado que corresponde e um retorno quase garantido, por que não fazer uma comédia decente, com cuidado de ser um filme e não um episódio de A Turma de Didi e aproveitando bem o talento de nossos humoristas/atores? A cada filme desse tipo essa pergunta se repete. Sigo em busca de respostas…
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