A imaturidade vigente da Marvel em “Vingadores: Era de Ultron”

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O que representou o amadurecimento do Aranha dos quadrinhos foi uma frase dita por seu tio, pouco antes de morrer: “grandes poderes trazem grandes responsabilidades!“. A frase mudou a percepção heróica do personagem, e bem que poderia ter o mesmo poder para legitimar a Marvel, agora como poderoso estúdio de cinema.

A sequência de Vingadores deixa claro que o universo Marvel sofre do problema da puberdade tardia. Ele acomete histórias promissoras, que ainda não se ressentem de certa imaturidade dramatúrgica. O primeiro filme já esboçava esse defeito, mas o fato de estar ainda formando uma personalidade – afinal, juntar tantos ícones numa mesma história com alguma unidade dramática era um desafio – suplantava a falta de densidade, surrupiada pela bem sucedida opção cômica da ação.

Em Vingadores: Era de Ultron, de Joss Whedon, essa sensação de “desperdício de poder” chega a incomodar. A história (motivações e justificativas) não avançam e o plot sobre o superpoder do tal Ultron (muito melhor desenvolvido na HQ, o que nos leva a uma reflexão sobre a distinção qualitativa dos veículos) diante da supremacia do agrupamento de heróis, é tão genérico que poderia estar em qualquer filme solo de seus protagonistas, independente dos perfis míticos de cada um.

Buscando proteger o planeta de ameaças como as vistas no primeiro Os Vingadores, Tony Stark busca construir um sistema de inteligência artificial que cuidaria da paz mundial. O projeto acaba dando errado e gera o nascimento do Ultron (voz de James Spader). Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) terão que se unir para mais uma vez salvar o planeta, agora de uma ameaça virtual. Claro que essa união já é carismática na ideia em si. E rende alguns poucos bons momentos, na maioria dos casos, relacionados a junção técnica e dramática deles para um clímax – previsível – do roteiro. E mais uma vez, o tecnológico Hulk rouba a cena. outra ironia dos termos.

Entre o seu poder e a responsabilidade que isso traz, a Marvel e seu superestimado filme, ainda precisam crescer e amadurecer para fazerem jus à força de sua (aparente) representatividade.

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