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Ingênua, refilmagem de “Ben Hur” vale pela memória afetiva de Charlton Heston

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Existem duas controvérsias principais no que se refere a refilmagem do clássico e (por anos) recordista absoluto de bilheteria e Oscar, Ben Hur.

A primeira pode ser medida na sua própria feitura, já que a tendência de refilmagens que vem assolando a industria holywoodiana já nasceu desgastada. E pior, infundada, dado o resultado artístico e monetário das mesmas.

A segunda está diretamente atrelada a seu gênero épico de filme bíblico, um terreno delicado, sempre na linha tênue entre a medida da solenidade e uma irritante ingenuidade. Fora que nenhum filme bíblico conseguiu superar a contundência do trabalho de Mel Gibson na direção do excelente A Paixão de Cristo. O próprio Ben Hur de 1959 é marcante pela precisão cinematográfica (se duvidar, até para os dias de hoje) de Willian Wyler, ao envernizar a parábola bíblica com soluções esteticamente ousadas para os padrões da época.

Mesmo com tantos anos, ainda é muito forte no ideário geral, para além da sensacional e quase artesanal, batalha de bigas, a interpretação de Charlton Heston do herói homônimo da superprodução. Tendo isso em mente, pode-se dizer que a refilmagem do “estilístico” Timur Bekmanbetov não é de todo mal. Na verdade, com algumas ressalvas, passa até relativamente bem pela tela. Mesmo que para isso tenha que se ter o reconhecimento prévio das limitações dessa empreitada. 

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Judah Ben Hur (Jack Huston) é um nobre judeu de Jerusalém. Ele prega uma convivência harmoniosa com os soldados de Roma, que cercam a cidade. Cresceu ao lado do irmão adotivo Messala (Toby Kabbell), que tem origem romana e sofre por não ter as mesmas raízes da família que o acolheu. Messala decide ir para Roma e se torna um importante comandante do exército de César. Ele acaba voltando para Jerusalém e acabará em conflito com o irmão. Judah acaba acusado de traição e condenado à escravidão, e buscará uma forma de vingar seu nome e sua família.

O diretor implementa seu épico sem a grandiloquência do filme passado, o que se revela uma decisão acertada, já que sua conhecida habilidade técnica e preciosismo fotográfico requerem menos do gênero e mais da dinâmica narrativa, entretanto o roteiro peca por ser muito mais panfletário que humano, o que fica flagrante em seu final, apressado e superficial.

Rodrigo Santoro tem boa presença como Jesus, mesmo suas cenas parecendo deslocadas e a crucificação acontecendo de maneira quase distraída no contexto da história. Ben Hur, versão 2016, repete a sina controversa das adaptações recentes: como filme isolado é esquecível, porém ganha um mínimo de espessura por remeter ao clássico que o inspirou.

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Filme: Ben Hur (idem)
Direção: Timur Bekmanbetov
Elenco: Jack Huston, Morgan Freeman, Toby Kebbell
Gênero: Aventura
País: EUA
Ano de produção: 2016
Distribuidora: Paramount
Duração: 2h 03 min
Classificação: 14 anos

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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