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“Jobs” não mostra toda a genialidade do criador do iPhone e do iPod

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Steve Jobs, morto em 2011 após uma longa batalha contra o câncer, ainda é um dos grandes heróis dos fãs de tecnologia. Sem sua criatividade e suas ideias, equipamentos como smartphones ou tablets não se tornariam tão populares graças ao iPhone ou o iPad, por exemplo. Logo após a sua morte, Hollywood não demorou a produzir cinebiografias do homem que se tornou o símbolo da Apple, companhia que ele criou. A primeira delas é “Jobs”, estrelada por Ashton Kutcher, que estreia nos cinemas brasileiros no início de setembro.

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O filme trata do período entre 1971 e 2000 e começa mostrando Jobs ainda na universidade (mas acabou não se formando). Depois de algumas experiências com drogas, que o fizeram “expandir” sua mente, ele passa um tempo na Índia ao lado do amigo Daniel Kottke (Lukas Haas), onde muda a maneira de ver a vida. Talentoso, porém temperamental, Jobs não consegue trabalhar em equipe na sua volta aos Estados Unidos. Mas tudo muda no dia em que conhece um projeto de Steve Wozniak (Josh Gad) e resolve ajudá-lo a montar o seu primeiro computador. A partir daí, ele cria a Apple na sua própria garagem e conhece o empresário Mike Markkula (Dermot Mulroney), que investe em sua pequena empresa. Logo, Jobs consegue se destacar no ramo da informática e suas criações se tornam cada vez mais populares. Só que o gênio dele acaba por afastá-lo dos amigos e o faz bater de frente com os executivos da Apple. O filme também trata do afastamento de Jobs da empresa que ajudou a desenvolver e sua volta triunfal.

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É uma pena, no entanto, que uma história tão interessante seja contada de uma maneira pouco inspirada. “Jobs” não consegue ser tão fascinante quanto, por exemplo, “A Rede Social”, que contou a história da criação do Facebook e seu polêmico inventor, Mark Zuckerberg. O diretor Joshua Michael Stern, cujo filme mais conhecido é “Promessas de um cara de pau” (“Swing vote”), com Kevin Costner, conduziu a produção como se estivesse fazendo um telefilme, não cinema. O roteiro de Matt Whiteley tem algumas situações não muito bem explicadas, como a rejeição de Jobs em relação à sua filha Lisa (Annika Bertea) num momento da trama, para logo em seguida mostrar os dois convivendo em plena harmonia. Além disso, causa uma certa frustração o filme não desenvolver alguns eventos, como o que abre a produção, quando Jobs apresenta o iPod a seus funcionários, e simplesmente isso não volta a ser mencionado, como se fosse algo irrelevante. A parte final do filme parece que foi feita às pressas, pois foi jogada de qualquer jeito, como se não soubesse o que fazer para concluir.

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Ashton Kutcher foi escolhido para interpretar o protagonista por ter uma incrível semelhança com Steve Jobs. O ator se preparou bastante para o papel, procurando repetir os gestos e até o modo de andar do ex-CEO da Apple à perfeição. Mas isso não é o suficiente para tornar a sua atuação brilhante. Em alguns momentos, o modo de falar dele parece mais apropriado para as comédias fracas que costuma estrelar. A boa maquiagem o ajuda a ter alguns bons momentos no filme, como na sequência de abertura. Pena que os maus momentos se sobressaem. Do elenco competente, que conta com nomes como James Woods e Matthew Modine, o grande destaque fica com Josh Gad, que lembra um pouco Jack Black. O ator tem um bom desempenho como Wozniak, especialmente na cena em que revela estar decepcionado com a maneira em que Steve está conduzindo a Apple.

Enfim, “Jobs” não é a cinebiografia definitiva sobre o “pai” do iPod, do iPhone e do iPad. Pode ser que um projeto que está em desenvolvimento pela Sony Pictures, com roteiro de Aaron Sorkin (“A Rede Social”), possa ser mais bem sucedido. Como resultado final, o filme ficou como um aplicativo ainda com bugs, mas que poderia ser melhor desenvolvido, se tivesse por trás uma mente tão brilhante quanto a de Steve Jobs.

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